São Paulo, domingo, 21 de agosto de 1994
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Livro elogia mulheres Kennedys

DEIRDRE DONAHUE
DO USA TODAY

Segundo Laurence Leamer, autor do recém-lançado "The Kennedy Women", (Villard, US$ 27,50), quem deveria haver se candidatado ao Congresso americano em 1946, em lugar do frio e cerebral Jack Kennedy, era sua irmã Eunice, de toda a família a pessoa que mais se preocupava com o bem-estar dos outros.
Leamer acredita que seu livro é o primeiro a documentar cinco gerações de mulheres Kennedy, começando por Bridget Murphy (a avó de Joe Kennedy, pai de John).
Falando das irmãs, mulheres e mães da família, ele observa que foi "uma perda para a humanidade o fato de essas mulheres terem sido relegadas a papéis secundários".
A estrela do livro é Eunice. Ela não apenas é uma mãe dedicada que incentivou sua filha Maria a valorizar mais sua mente do que sua beleza, como também conseguiu sozinha transformar o modo pelo qual os norte-americanos encaram a deficiência mental.
Embora sua história das mulheres Kennedy não tenha sido autorizada por elas, Leamer entrevistou muitas das pessoas sobre as quais escreve: primeiro Eunice, e depois Maria Shriver, Pat Lawford, Joan Kennedy, Ted Kennedy, Kathleen Kennedy Townsend e outras.
Diferentemente de muitos biógrafos recentes, Leamer se solidariza com os Kennedys. Enquanto Rose Kennedy já foi descrita como uma mãe fria, que deixava seus filhos de lado para assistir aos desfiles de moda, Leamer a vê como "uma jovem cheia de vida cuja vida mudou para pior quando ela se casou com o ambicioso e egocêntrico Joseph Kennedy".
Rose teria sido uma mãe reservada apenas por seguir os conselhos do pediatra Emmet Holt, que desaconselhava as mães a brincarem com bebês, dizendo que isso os tornaria "nervosos e irritadiços".
Embora as mulheres fossem invisíveis para o mundo externo, eram consideradas responsáveis pelo lar e pela família. Se qualquer coisa desse errado -se seu marido bebesse ou tivesse amantes, se um filho fosse mal de saúde ou estudos-, elas se sentiam culpadas.
O mais difícil para Rose Kennedy era cuidar de sua filha mentalmente deficiente, Rosemary. Segundo Leamer, se Rose deixou de lado seus outros filhos foi porque passou seu tempo ajudando sua filha problemática.
Foi a sexualidade emergente de Rosemary que levou seu pai a fazê-la passar por uma lobotomia, em 1941. Ela era muito bonita e havia começado a perambular pelas ruas de Washington à noite fugindo das freiras de sua escola. Joe temia que ela engravidasse e causasse constrangimentos.
Leamer nota como as mulheres cujos pais eram mulherengos –Rose, Jackie– se sentiram atraídas pelos homens Kennedy. Os casos extraconjugais de JFK são tratados sob a perspectiva de Jackie, mostrando como solaparam seu bem-estar físico e mental.
Leamer rejeita as críticas feitas à família Kennedy e conclui que "as pessoas adoravam ficar perto dos Kennedys por causa de sua vitalidade, sua energia" e porque "enxergam neles o padrão que define suas próprias vidas".
Tradução de Clara Allain

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