São Paulo, domingo, 21 de agosto de 1994
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MARISA MONTE

No roteiro, boas surpresas. Além de músicas dos três discos, MM deve ir de "Music and Me", sucesso na voz de um Michael Jackson ainda adolescente, e "Two of Us". Talvez inclua "Amor Amor", hit do Trio Los Panchos, e "Are You Lonesome Tonight", de Elvis Presley.
"Tenho 27 músicas listadas, que vou reduzir para 21", diz. "Gosto de fazer shows de uma hora e vinte minutos, porque gosto de assistir shows de uma hora e vinte minutos." Os roteiros serão diferentes para o exterior e para o Brasil. "Tem músicas, como 'Bem que se Quis', que só têm sentido aqui", diz.
Uma das funções do músico, acredita ela, é reabilitar, mostrar para as novas gerações coisas esquecidas. Daí a inclusão da maravilhosa "Dança da Solidão", de Paulinho da Viola, música de 1972, em "Cor-de-Rosa e Carvão". "Eu não tenho a função de divertir, entreter, fazer coisas bonitinhas", diz MM. "Tenho de fazer pensar, de incomodar."
Como Ava Gardner, MM é um dos mais belos animais a caminhar sobre a Terra. "Como minhas duas irmãs mais velhas, tenho bocona, dentão, cabelo preto, sobrancelha bem preta, sou alta, de cintura fina e quadris largos", define. Tem 1,76m e 59 quilos. Calça 38 e tem uma marca no tornozelo esquerdo.
MM não gosta de falar de sua vida fora dos palcos e estúdios. "Não tenho nada a esconder", diz. "Mas há uma diferença entre ser uma pessoa pública e um objeto público."
Segundo ela, o artista não é um orelhão, que a pessoa pode de repente dispor, alugar. "Também não devo satisfação da minha vida e sim do meu trabalho, da coerência". Quanto mais se fala do privado, mais se confunde o público, é a sua teoria.
Ela namora com o titã Nando Reis desde 1989. Reis mora em São Paulo e MM, no Rio, numa casa alugada na Urca. "Por enquanto, não penso em casar nem em ter filhos", diz. Divide a casa com dona Nazareth, governanta de 70 anos que cuida de MM há 14. "É uma mulher fantástica, é minha mãe", diz.
Dona Nazareth virou uma personalidade à parte numa casa que já tinha a sua estrela. Tim Maia e Rafael Rabello costumam ligar para lá para ficar de papo com a governanta. "Além do que, a mulher 'toca todos os instrumentos"', diz MM. "Na cozinha, por exemplo, ela é um Prince!".
Dona Nazareth gosta de um certo lema, que repete à exaustão para MM: "Quando você começa subir uma ladeira, tem que ir até o final".
A enteada começou em 1987 ladeira acima rumo ao posto de melhor cantora brasileira. Com mão-de-ferro e olho em todos os detalhes, já está próxima do cume.

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