São Paulo, domingo, 21 de agosto de 1994
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MARISA MONTE

Marisa Monte mostra-se uma cantora completa em seu último disco. Em sua estréia, o disco "Marisa Monte" de 1989, era a novidade se apresentando ao grande público. Depois, em 1991, com "Mais", era a cantora pedindo licença e lugar ao sol. Agora, MM prova que não é só "eclética" ou "cult", duas pechas que recebeu (no mau sentido) no começo da carreira, em 1987.
Para tanto, em "Cor-de-Rosa e Carvão", cujo nome tirou de um verso da música "Seu Zé" (que nem chegou a entrar no disco), com o novo parceiro Carlinhos Brown, cercou-se de boa companhia. Chamou o próprio Brown, mais Philip Glass, Laurie Anderson, Naná Vasconcelos, Gilberto Gil, Paulinho da Viola e a Velha Guarda da Portela.
Com tal time, seria fácil apagar a presença da cantora. Não foi o que aconteceu. Pela primeira vez, MM mostra a que veio –ocupar um lugar de destaque no chão de estrelas das grandes cantoras nacionais, ao lado de Gal Costa e Maria Bethânia. Não que seja a coisa mais importante de sua carreira. "O que gosto de fazer mesmo, o que me move, são os shows", diz. "Os discos são mera consequência."
Dessa consequência vem grande parte de seu sustento. MM já vendeu mais de 1 milhão de discos (510 mil de "Marisa Monte" e 420 mil de "Mais"). Como os contratos normalmente garantem no mínimo 10% de participação das vendas ao artista –e cada CD custa em média US$ 20–, MM abocanhou até agora algo como US$ 2 milhões.
Está rica? "Rico não é o que tem muito, mas o suficiente para ficar feliz." Segundo ela, tudo depende da ambição. "João Alves, por exemplo, é uma pessoa miserável, porque já tem muito e quer muito mais, mesmo provocando mais miséria."
Na última declaração do imposto de renda de MM, consta apenas um Kadett branco 1993. "Tem uma música linda do Ataulfo Alves", lembra ela. "Termina assim: 'Eu era milionário/ em felicidade'. Sou milionária em felicidade."
Os shows. A cantora entra agora na terceira turnê. Na primeira, se apresentou 120 vezes pelo país e o mundo. Na segunda, o número subiu para 250. Agora, lança o disco em 38 países e começa a turnê já esta semana. Por aqui, deve estrear só em fevereiro de 1995, começando por "alguma cidade do Sul".
Para a turnê, MM chamou banda nova e aboliu dançarinos e backing vocals presentes nas anteriores. "Vou colocar a banda para cantar", diz. Pensa melhor: "Talvez coloque uma puta cantora também, vai". Ela está pensando em chamar uma menina de 20 anos, "que canta para caralho". Não diz o nome porque "ainda não fez o convite oficial".

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