São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 1994 |
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CUT quer setembro 'light' contra Real
ALEXANDRE SECCO
O presidente da entidade, Vicente Paulo da Silva, o "Vicentinho" defende "independência" entre campanha salarial e eleitoral. Vicentinho reuniu o secretariado nacional da CUT ontem e afirmou que os sindicalistas devem ficar atentos para que setembro lembre apenas "a alegria da primavera". A referência sobre a primavera (estação que começa nesse mês) é uma resposta de Vicentinho às especulações do "setembro negro", que traria greves com fim eleitoral. Falando apenas para sindicalistas, o discurso do presidente da CUT é mais duro. Na sexta-feira, ao discursar para 200 líderes sindicais em São Bernardo do Campo (no ABCD paulista), ele pediu dedicação quase exclusiva dos colegas para eleger Lula. "Dedico 80% do meu tempo para a campanha de Lula e vocês devem fazer o mesmo", afirmou. Em setembro, a central vai agir em duas frentes: 1) negociação salarial de gabinete, liderada pelos sindicatos dos bancários e dos petroleiros; 2) encontros nacionais, passeatas e protestos de rua. Para engrossar a campanha salarial de bancários e petroleiros a CUT vai "antecipar" a data-base de outras categorias. Dessa forma, a central pretende reunir nos protestos do mês de setembro sindicatos fortes como o dos químicos e dos metalúrgicos (que, pela data-base, discutem salários apenas em novembro). A negociação salarial dos petroleiros começa na sexta-feira. Empregadores e sindicalistas vão marcar as datas e definir a pauta dos próximos encontros. O presidente do Federação Nacional dos Petroleiros, Antonio carlos Spis, disse que a greve só será deflagrada em caso de "não ser possível o acordo". Os bancários, que já estão negociando, discutem hoje com os empregadores as cláusulas econômicas (veja quadro ao lado). Os protestos e encontros começam amanhã, com a convocação de passeatas em todo país. No próximo dia 2, a CUT faz encontro nacional de "categorias em luta". No dia 10 a entidade faz encontro de entidades em campanha salarial e no dia 16 os chamados protestos por uma política de cidadania. A avaliação de Jorge Luis Martins, secretário de política sindical da CUT, é que 1,5 milhão de empregados possam ser envolvidos nas manifestações de setembro. O secretário de organização da CUT, Dirceu Travesso, diz que "mais do que nunca precisamos da unificação". Ele nega qualquer vinculação entre a campanha salarial de setembro com a candidatura à Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. Jorge Luis Martins, secretário de política sindical, entende que os protestos da CUT em setembro podem interferir na eleição. A lógica de Martins é que FHC seria atingido caso as manifestações promovidas pela CUT possam convencer os eleitores dos aspectos negativos do Plano Real. Texto Anterior: Senador não vai a debate na Manchete Próximo Texto: Marta Suplicy, a pin-up do PT! Índice |
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