São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

São Francisco opõe ministro a FHC

SÔNIA MOSSRI; EMANUEL NERI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

EMANUEL NERI
O megaprojeto de irrigação, com transposição das águas do rio São Francisco para os Estados do Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba, não fará parte do programa do tucano Fernando Henrique Cardoso (PSB).
A informação foi prestada ontem por Paulo Renato Souza, coordendor do programa de FHC.
"Essa obra precisa ser mais bem-estudada", afirmou Souza. O programa de FHC prevê R$ 70 bilhões em investimentos em infra-estrutura em quatro anos. O projeto do São Francisco estava orçado em R$ 2 bilhÕes.
O candiato tucano mudou de opinião várias vezes sobre o assunto. Ao decidir rejeitar o projeto, FHC ficou ao lado do ex-governador baiano Antônio Carlos Magalhães, principal opositor da obra.
O ministro da Integração Reional, Aluizio Alves, reagiu ontem às críticas ao projeto: "Fernando Henrique Cardoso ainda não é governo. O novo governo começa somente em 1º de janeiro", disse.
Alves afirmou que o candidato tucano está liderando as pesquisas de opinião, mas "o presidente ainda é o Itamar Franco".
O ministro acusou FHC de repetir o mesmo erro das eleições de 85, quando concorreu à Prefeitura de São Paulo.
FHC liderou as pesquisas de opinião até o fim da campanha e acabou posando para fotos sentado na cadeira de prefeito. Jânio Quadros ganhou a eleição.
"Quero ver ele paralisar as obras quando todo o Nordeste apóia o projeto", disse Alves.
O ministro insistiu em que o presidente Itamar Franco aprovou integralmente o projeto.
Desistiu
Itamar, na verdade, já desistiu do projeto São Francisco, embora não tenha feito um anúncio oficial.
A decisão de enterrá-lo foi tomada depois de receber um relatório do ministro da Ciência e Tecnologia, José Israel Vargas.
O relatório mostra que há um superdimensionamento da área conhecida como Polígono das Secas.
O trabalho contesta os 900 mil km2 definidos pela Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste) como sendo a área mais atingida pelas secas no Nordeste e no norte de Minas Gerais.
O Inpe, vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, avalia que, na realidade, as áreas mais atingidas pelas secas não ultrapassam a marca de 320 mil km2.

Texto Anterior: CEF alega ação técnica
Próximo Texto: Simon passa a integrar comando de campanha
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.