São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 1994
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Menem vence qualquer um na Argentina da renovação

MATINAS SUZUKI JR.
ENVIADO ESPECIAL A BUENOS AIRES

Nem Telê Santana, do São Paulo, nem Basualdo, o jogador mais famoso do Vélez. O grande vencedor do dia de hoje na Argentina chama-se Carlos Menem.
A renovada Constituição argentina, que será oficialmente promulgada hoje –uma data sinistra na história brasileira– garante ao presidente a sonhada reeleição.
Se o Brasil é a Argentina –que, aliás, aprovou também o mandato de quatro anos– de amanhã, é bom o país ir se preparando para adotar a reeleição.
O Brasil primeiro fará as eleições e depois tentará a reforma constitucional. Os argentinos inverteram a ordem. E fizeram um Congresso revisor exclusivo.
O jogo de hoje tem importância menor para os sempre inflamados locais. Afinal não se muda de Constituição como se muda de time a cada novo campeonato.
Mas a bola, caprichosa, não aceita tudo. O papel sim. Colocaram na nova Carta Magna que as Malvinas são argentinas.
Os britânicos, em represália, aumentaram o limite de proibição da pesca nos mares das Malvinas. Quem não pode, escreve. Ou grita. Já quem pode, faz o gol.
A nova Constituição foi aprovada por unanimidade. A imprensa destacou o "inédito clima de coexistência política e ideológica". O mundo está ficando muito chato.
Os temas são os mesmos no Brasil, na Argentina etc. Os planos econômicos são muito parecidos. Só o técnico do Velez ainda não entendeu o Telê Santana.
Disse que o São Paulo joga do mesmo jeito que a seleção brasileira. As rádios perguntam como se pode atuar com cinco jogadores no meio-campo e três na defesa.
Depois da Constituição, o assunto é Maradona. Que hoje senta no banco da santa inquisição da Fifa. O dia D do Diego. Aliás, seu D vem de Deus ou do Demônio?
Logo mais saberemos. Depois da Constituição e do Maradona, o assunto é a final do campeonato argentino, no domingo, entre Independiente e Huracán. Quem ganhar, estará bem feito, dizem.
Sábato e livro sobre Gardel, aí, Bethânia aqui. Mercosul cultural. Cineasta aqui não diz que a opção é entre Sartre e o encanador. Cineasta aqui é a própria solução.
O diretor Fernando Solanas repete as suas paixões políticas para tentar a desejada Presidência. E a Constituição daqui definiu que o direito à vida começa no feto.
Ninguém sabe se a medida faroce ou reprime o aborto. O debate está aberto. Feto, afeto. Para mim, o direito à vida começa com um belo gol de placa. Bola pra frente.

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