São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 1994
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São Paulo mantém sua rotina de finais

ALBERTO HELENA JR.

Jogadores mudam de um ano para outro, mas Telê segue no comando do time que tenta o tri na Libertadores

E mais uma vez aí está o São Paulo disputando um título. Nem dá pra contar quantos nesta década que já caminha para a metade. E o curioso é que o tricolor vai colecionando faixas e louros com a mesma velocidade com que mudam os personagens que vestem sua camisa. De uma decisão a outra, nunca o time é o mesmo, o que, portanto, impede atribuir-se ao conjunto do time os êxitos sucessivos.
Apenas Telê permanece impávido no centro dessas conquistas todas. E, se conseguir o tri da Libertadores, desta vez, não terá apenas rompido marca inédita na história do nosso futebol -embora valha sempre lembrar que aquele Santos de Pelé, bicampeão do mundo, só não chegou ao tri, ao tetra, ao penta, sei lá, porque desistiu da disputa, por considerá-la deficitária. Terá obtido um verdadeiro milagre, posto que o atual time do São Paulo está muito longe dos seus antecessores.
É bem verdade que o Vélez não chega a ser nenhum esquadrão, nem mesmo ostenta tradição de grande time na Argentina. Mas sempre é argentino, o que representa perigo em qualquer época ou circunstância. Além do mais, é possível que Cafu jogue. E isso signfica um toque de vigor e ousadia nesse meio-campo burocrático e insípido que tem segurado as pontas na Libertadores, enquanto Alemão e Sierra se preparam para entrar.
Portanto, aconselho ao tricolor amigo que esta noite, antes de postar-se diante da TV, faça uma ceia frugal -talvez, um peixe grelhado com salada-, arrematada por um cálice de brandy para atiçar a coragem, muna-se de uma dose dupla de paciência e fique frio, que vem chumbo grosso.
Ah, sim, não esquecer do velho terço de família, tendo o nome de Júnior Baiano na ponta da língua, cada vez que o becão tricolor resolver bordar uma jogada nas proximidades de sua área.

O Teixeirinha -isto é, o Campeonato Brasileiro a la Teixeira- segue hoje em direção a lugar nenhum. Sim, porque todos estão classificados, e os que se desclassificarem receberão um premio ainda maior: enquanto os classificados se matam entre si, eles caminharão solertemente, sem maiores obstáculos, para a porta dos fundos, por onde entrarão belos e fagueiros para disputar o título.
Aliás, quando, lá na Copa, eu disse que o poderoso sogro estava pavimentando com rosas e tapetes persas o caminho de Ricardo Teixeira para sua sucessão na FIFA, um ar de incredulidade varreu a fisionomia dos bem-informados ouvintes.
Pois não é que Teixeira anuncia sua desistência de concorrer à sucessão na CBF? Claro, pois a mosquinha azul mordeu nosso cartola, que espera eleger-se presidente da FIFA, na França, em 98.
Pior: não duvido que consiga, tendo o sogro Havelange como mentor, conselheiro e cabo eleitoral.
Bem, com Teixeira ou sem Teixeira, a bola continua rolando a favor dos paulistas, como era de se esperar. Afinal, foram os que realmente investiram.
Esta noite, por exemplo, dificilmente uma zebra atravessará os campos onde nossos representantes cumprirão. Mesmo porque apenas o Santos enfrenta um time de fora -o Bahia. Mas o Santos parece estar em estado de graça, graças a Serginho. Logo, só fica faltando o Corinthians ganhar a primeira.
E por que não esta noite, diante do Bragantino? Afinal, o time do Cilinho não anda lá essas coisas, e o Corinthians já começa a se aprumar, sobretudo depois que Boiadeiro passou a atuar mais próximo de Viola, Marcelinho e Marques.

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