São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 1994
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Livro e mostra introduzem à obra militante do cubano Santiago Alvarez

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Evento: 5º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo
Quando: hoje, às 22h - primeiro programa de curtas do cineasta cubano Santiago Alvarez; sexta, às 17h - segundo programa de curtas de Santiago Alvarez
Onde: Museu da Imagem e do Som (av. Europa, 158, tel. 011/280-0896, Jardins, zona oeste)
Lançamento: "O Olho da Revolução", de Amir Labaki (ed. Iluminuras - preço: R$ 12,00)
Quando: sexta, às 19h
Onde: Livraria Cultura (av. Paulista, 2.073, Conjunto Nacional, tel. 011/285-4033, Cerqueira César, região central)

Santiago Alvarez não se ofenderá de ser chamado de cineasta oficial. É exatamente o que ele é. Desde 1960, esse cubano de 75 anos dirigiu 150 documentários e 600 edições do "Noticiário Icaic Latino-Americano", foi supervisor de mais 1.500 noticiários do Icaic (Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográficos).
Mas oficial não significa, no caso, servil. Seus 13 trabalhos que o MIS mostra hoje e sexta feira comprovam isso. O livro "O Olho da Revolução", de Amir Labaki, diretor do MIS e articulista da Folha, ilustra com uma detida entrevista a paixão de Alvarez pela revolução ocorrida em Cuba em 1959.
É verdade que, entre os trabalhos a serem mostrados, os mais interessantes são os dos primeiros tempos revolucionários. Entre eles, "Now", bela colagem de fotos de revistas norte-americanas, sobre a questão racial naquele país (inspirada em parte sobre experiências pessoais de Alvarez quando morou nos EUA, entre 1938 e 1941).
Desde que a URSS intensifica sua presença em Cuba, no fim dos anos 60, Alvarez dedica uma parte de sua produção ao Vietnã, falando do líder Ho Chi Minh (em "79 Primaveras").
Embora continue talentoso e se mostre um montador habilíssimo, essa parte de seu trabalho é menos interessante do que a dos anos 60. Se alguém lembra a semelhança entre seus trabalhos e os de Dziga Vertov, um dos fundadores do cinema soviético, diz que só conheceu os filmes de Vertov quando já fazia os seus próprios filmes.
A semelhança talvez venha da similitude das situações. A mostra não traz os trabalhos feitos pelo cineasta desde que começou a trabalhar com vídeo, em 1991, por conta da crise econômica em Cuba. Eles atestam a continuidade de um diretor que não é bem um funcionário, mas continua militante.
(IA)

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