São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bienal do Livro vira ponto de encontro

ANTONINA LEMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A 13ª Bienal do Livro de São Paulo acaba neste domingo, no Pavilhão da Bienal do Parque do Ibirapuera, e tem atraído vários teens.
A feira deste ano virou ponto de encontro já que muitos teens preferem sentar pelos corredores para fazer uma "social". Mas essa é uma minoria.
Quem pensa que Bienal não é programa para teens se engana. Os adolescentes estão indo lá em excursões de escolas, ou mesmo sozinhos, por puro amor aos livros.
Contrariando a idéia que muita gente tem de que adolescente não gosta de ler, é fácil encontrá-los andando pelos corredores da Bienal com sacolas lotadas de livros.
O gosto deles é variado, tem gente procurando livros de Paulo Coelho, Stephen King e clássicos da literatura brasileira. Fora os maníacos por RPG e por quadrinhos, que batem ponto no estande da livraria Devir (veja texto ao lado).
As amigas Queila Rosiane Souza, 13, e Daniela Barros, 13, são bastante ecléticas. Dizem que gostam de livros para adolescentes, de terror e de policiais.
Elas vieram de Presidente Prudente (558 km a oeste de São Paulo) com a escola só para visitar a Bienal. Para elas, a viagem de mais de sete horas, valeu a pena.
"Nunca tinha vindo a uma Bienal, mas adorei", diz Queila. Ela conta que se pudesse compraria "mais da metade dos livros".
Como isso é impossível, Queila comprou dois: "Confissões de Adolescente", de Maria Mariana e o "Diário de Slata", de Slata Filipovic.
Outra que é campeã em ecletismo é Erika Siqueira Lopes, 17. A garota diz que é fã de Camões e José de Alencar. Mas, nesta Bienal, ela estava procurando o livro "Diário de um Mago", de Paulo Coelho.
Erika conta que reservou R$ 25 para comprar livros e reclama dos preços. "Comprar livros está muito caro", disse.
Roberto Mazer Neto, 13, também acha que os livros estão caros, mas não resistiu e comprou dois: "'Manual do Sexo Manual do Casseta e Planeta" e "Os Grandes Pensamentos de Casseta e Planeta". Cada um custou R$ 7,50.
"Não gosto de ler coisas sérias. Prefiro ler livros engraçados para me divertir", diz.
Roberto acha a Bienal um programa diferente. "Não só por causa dos livros, mas também pelo passeio." Ele veio em uma excursão de seu colégio, o Objetivo, de Tietê (150 km a noroeste de São Paulo).
Mesmo seus colegas que disseram não gostar de ler aproveitaram a excursão. Vanessa de Souza, 14, é um exemplo. "Odeio ler e não vou comprar nenhum livro."
Apesar disso, Vanessa encontrou uma diversão na Bienal. Para ela o que mais valeu a pena foi a bagunça. "Isto aqui está a maior zona. É muito legal."

Texto Anterior: Livro e mostra introduzem à obra militante do cubano Santiago Alvarez
Próximo Texto: Mostra acaba no domingo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.