São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 1994
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Terroristas montam novo grupo no Peru

CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
ENVIADO ESPECIAL A LIMA

Uma nova organização terrorista está atuando no Peru. Trata-se do Sendero Vermelho, uma agremiação de 400 filiados, todos ex-militantes do Sendero Luminoso.
Na semana passada, o Ministério do Exército do Peru começou a divulgar as fotos do líder do Sendero Vermelho, um ex-professor de sociologia chamado Oscar Alberto Ramirez Durand –conhecido como Camarada Feliciano.
O "camarada" reorganiza a guerrilha no Peru desde que, há dois anos, o líder do Sendero Luminoso, o professor de filosofia Abimael Guzmán, foi preso.
Guzmán tem conclamado os Senderistas a depor armas e se juntar ao Programa de Pacificação Nacional, uma espécie de anistia oferecida aos guerrilheiros pelo presidente Alberto Fujimori.
Radicalmente oposto aos acordos de paz, o Camarada Feliciano anunciou, há pouco mais de um mês, a criação do Exército de Libertação, um novo grupo terrorista para continuar a luta armada.
Segundo informes divulgados pelo Sendero Vermelho, o novo exército pretende promover atentados e explosões em todo o país, em 94, para desenvolver o que chamam de Sexta Campanha do Segundo Plano Militar do Sendero.
Os líderes do Sendero Vermelho consideram que Abimael Guzmán "falhou" em sua tentativa de implantar no Peru, via terror, uma república marxista-maoísta.
Os militantes do Sendero Vermelho dizem que são "liquidacionistas": querem liquidar o capitalismo no Peru.
O Exército peruano diz que os homens do Sendero Vermelho são patrocinados pelos traficantes do Cartel de Cali, a máfia colombiana do tráfico de cocaína.
"Os homens do novo Sendero são sustentados por traficantes, que lhes dão armas em troca de informações sobre a movimentação das tropas do Exército", disse à Folha o general peruano Tomás Marky Montero, 51.
O general é responsável pela caça aos membros do Sendero Vermelho numa região a cerca de 900 km de Lima, a partir de Ayacucho.
No distrito, em montanhas de 3.000 metros acima do nível domar, vivem os guerrilheiros do novo Sendero.

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