São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 1994
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Ação deslocou populações

CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
DO ENVIADO ESPECIAL

Entre 1980 e 1989, o Sendero Luminoso realizou no interior do Peru um total de 98.365 ações terroristas, segundo a própria organização. Isso levou cerca de 600 mil pessoas a abandonarem seus locais de residência.
Em 1991, a presença de uma população itinerante chegou a se converter no principal problema social do Peru. Hoje o país entra na fase de assentamento desses fugirivos da guerra. Mas o problema, estima o governo, não será contornado em menos de cinco anos.
A província de Huánaco, ao sul do Peru, por exemplo, chegou a ter 90% de sua população deslocada. Todos fugiam da guerra dos terroristas e esse fenômeno migratório provocou um caos urbano em Lima. Hoje há um exército de 50 mil desempregados que habita nas ruas da capital, ganhando a vida com a venda de produtos nas calçadas.
Essa população deslocada, chamada no país de "desplazados", tem suas maiores fatias vivendo na indigência: 70% dos "desplazados", segundo o governo peruano, não têm condições de sustentar as necessidades básicas e 15% estão em estado de miséria absoluta.
A região onde hoje se articula o Sendero Vermelho, o distrito de Ayacucho, conta com um total de 52 mil pessoas em miséria absoluta, que ainda se deslocam diariamente para fugir dos ataques do Camarada Feliciano.
Atribui-se ao "desplazamento" a atual taxa de desemprego do país, em torno de 13% e 15%.
(CJT)

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