São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Zedillo obtém metade dos votos para o PRI

ANTONIO CARLOS SEIDL
ENVIADO ESPECIAL À CIDADE DO MÉXICO

O governista Ernesto Zedillo Ponce de León superou a metade dos votos na apuração preliminar da eleição mexicana. Com 90% das urnas apuradas, Zedillo tem 50,08% dos votos.
Em segundo lugar está Diego Fernández de Cevallos Ramos, 53, do PAN (Partido da Ação Nacional), conservador, com 26,81% dos votos. O terceiro colocado é Cuauhtémoc Cárdenas, 60, do PRD (Partido da Revolução Democrática), de centro-esquerda, com 17,03% dos votos.
O cômputo do Prep (Programa de Resultados Eleitorais Preliminares) foi anunciado ontem pelo conselho-geral do IFE (Instituto Federal Eleitoral). Os números serão agora encaminhados à auditoria do Tribunal Federal Eleitoral.
Depois disso, o resultado tem de ser ratificado pela Câmara de Deputados até meados de novembro.
A posse do novo presidente dos Estados Unidos Mexicanos, para um mandato de seis anos (1994-2000), está prevista para o dia 1º de dezembro deste ano.
Com o comparecimento às urnas de uma percentagem recorde (77,58%) de eleitores na história do México, o PRI está na frente em praticamente tudo.
No Senado, o partido de centro-direita obteve 50,15% da votação para as 96 novas cadeiras que elevarão o número total de senadores para 128, no próximo sexênio.
Na eleição para a renovação dos 500 integrantes da Câmara de Deputados para o triênio 1994-97, o PRI obteve a maioria em 278 dos 300 distritos eleitorais do país.
Ainda falta computar uma percentagem menor do que 10% das urnas, o que não deve, segundo o IFE, alterar a tendência da votação. Essa tendência indica que o PRI contará com uma confortável maioria no Senado e na Câmara.
Os números finais para a Câmara dos Deputados só serão divulgados no domingo, informou o IFE.
Diego Fernández de Cevallos (PAN), segundo lugar na contagem, disse que cabe à direção executiva do partido tomar uma decisão sobre a proposta de Zedillo de formar um governo de coalizão.
Cuauhtémoc Cárdenas, do PRD, reafirmou sua convicção de que uma suposta fraude eleitoral –"que se confirma a cada informação"– não permite se conhecer com certeza quem ganhou a eleição presidencial.
Ele vai defender no Tribunal Federal Eleitoral, juntamente com a anulação, a formação de um governo de transição para definir as bases legais de nova eleição.
Derrotado pela segunda vez consecutiva pelo PRI em uma eleição presidencial mexicana, Cárdenas foi severamente criticado pelos ex-candidatos do PAN, conservador, e do PT, esquerdista.
Fernández, do PAN, disse que Cárdenas foi um fator determinante, dadas as características de sua personalidade, para que setores da sociedade se inclinassem a favor do candidato da situação.
Paradoxalmente, por muito que tenha lutado contra o sistema, Cárdenas justificou para muitos um voto a favor do candidato do governo, afirmou Fernández.
Sua atitude beligerante, prosseguiu, proporcionou com sua intolerância um voto covarde a favor do candidato do governo.
Fernández disse que o presidente Carlos Salinas de Gortari fez um grande esforço para que o processo eleitoral fosse diferente e melhor, mas destacou que prevaleceram empecilhos, inércias e ações sujas.
Cecilia Soto, 42, ex-candidata do PT (Partido do Trabalho), de esquerda, que ficou em quarto lugar com cerca de 3% dos votos, disse que os protestos de Cárdenas contra o resultado são incoerentes.
Ela pediu a Cárdenas uma reflexão sobre as declarações que fez na véspera das eleições, dizendo que uma votação maciça impediria a fraude eleitoral.

Texto Anterior: Menem jura a nova Constituição; França nega ter negociado Carlos
Próximo Texto: Partido gasta US$ 180 mi
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.