São Paulo, sexta-feira, 26 de agosto de 1994
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Maternidade faz 100 anos em busca de mais doações

DA REPORTAGEM LOCAL

Maternidade faz 100 anos em busca demais doações
A Maternidade São Paulo faz 100 anos hoje. As comemorações incluem o lançamento de um selo, com a presença do ministro das Comunicações, Djalma Moraes, e o reforço dos pedidos de doação.
Com uma campanha nas ruas desde março, a maternidade arrecadou muito menos do que os US$ 5 milhões previstos.
"Foi tão pouco, que não dá nem para divulgar", diz a vice-provedora Lucilla Salles Teixeira de Barros, 76.
Nem o TeleRenascer (900-0994 e 900-0995), um serviço especial para doações, obteve resultado.
O objetivo da campanha era aumentar a capacidade de atendimento da maternidade de 180 para 300 leitos e investir em compra de novos equipamentos.
Por enquanto, apenas um andar está sendo reformado, o que significa acréscimo de 20 leitos. Há mais três andares desativados, necessitando de reformas.
A maternidade recebeu apenas dois equipamentos novos: um aparelho para ultrassonografia, doado pelo governo do Estado, e um mamógrafo, por uma médica.
A maternidade tem hoje cerca de 450 funcionários e uma média mensal de 1.200 nascimentos.
Os pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) representam 60% do atendimento e cerca de 20% da arrecadação mensal (R$ 80 mil).
O sustento do hospital é garantido mesmo pelo atendimento a particulares, que rende R$ 330 mil por mês, segundo o administrador Carlos Daniel Leister, 47.
"Nós conseguimos nos manter, mas não há dinheiro para investir", diz Leister.
História
A maternidade, fundada em 1894 pelo médico Bráulio Gomes, é a primeira de São Paulo. Com o nome de "Associação Beneficente e Protetora de Mulheres Desabrigadas", atendia gestantes ricas ou pobres.
A inauguração foi feita por Cesário Motta, então ministro do Interior. A maternidade nasceu também com a ajuda de um grupo de mulheres, encabeçado por Francisca de Campos, que se tornou a primeira provedora.
Desde então, a maternidade ajudou no nascimento de mais de 1,2 milhão de crianças.
Entre os que nasceram lá estão o prefeito Paulo Maluf e o ex-governador Paulo Egydio Martins. A apresentadora de televisão Hebe Camargo e o desenhista Maurício de Souza são alguns que tiveram filhos nascidos na maternidade.
O médico Francisco Labate, 82, diz que perdeu a conta de quantas crianças viu nascer durante os seus 55 anos de trabalho no hospital.
"A maternidade era soberana quando eu entrei lá. As parteiras faziam os partos normais e os médicos só auxiliavam em casos mais complicados", afirma.
Hoje Labate é chefe clínico e trabalha apenas três dias por mês. "Mesmo assim eu deixo meu carro fora da garagem o dia todo no caso de me chamarem para alguma emergência."

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