São Paulo, domingo, 28 de agosto de 1994
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Faltam propostas para déficit

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

É muito comum entre políticos a interpretação conspirativa, pela qual a ciranda financeira resulta de uma conspiração entre bancos e seus agentes infiltrados no Banco Central.
Se isso fosse verdade, bastaria nomear uma diretoria patriótica para o BC e todos os problemas estariam resolvidos.
Como não é verdade, a menos que se admita que todos os diretores do BC, até aqui, foram espertíssimos traidores da pátria, o problema real permanece: é preciso reduzir os juros, mas como?
Uma vez admitido que a causa principal da ciranda é o progressivo endividamento ruim do governo, a saída é cortar a origem desse endividamento.
Os candidatos precisam, portanto, dizer como vão controlar o déficit público, como vão tapar os buracos já feitos e como arranjar dinheiro para financiar o desenvolvimento.
Concretamente, é preciso dizer quem vai pagar a conta dos produtores rurais que devem ao Banco do Brasil. Quem vai pagar os US$ 6 bilhões que o governo paulista deve ao Banespa (com a privatização da Eletropaulo ou com aumento de impostos?). Quem vai pagar o buraco da Previdência? Quem vai pagar os prejuízos das estatais.
Sem isso, denunciar a ciranda financeira e o lucro dos bancos é demagogia de campanha.

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