São Paulo, domingo, 28 de agosto de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Entenda as diferenças entre religiões

REGINALDO PRANDI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os católicos são maioria no Brasil, reunindo hoje 75% do eleitorado. Podem ser classificados, de acordo com o grau de participação nos ritos, como praticantes e não praticantes.
Além disso, podem ser distinguidos pela participação em diversos movimentos religiosos no interior do catolicismo, os quais adotam ênfases diferentes no exercício da fé.
Assim, as comunidades eclesiais de base, da Teologia da Libertação, foram o mais importante movimento católico entre os anos 60 e 80. Hoje, os eleitores que se declaram membros deste movimento representam 1% do eleitorado.
O Movimento de Renovação Carismática, de recente origem norte-americana, é atualmente o de maior expansão entre os católicos, apresentando muitos traços do pentecostalismo, como a cura pelo Espírito Santo e a glossolalia (o dom de falar em línguas estranhas).
Ao contrário dos eclesiais de base, que defendem a importância do coletivo na vida religiosa, adotando posições mais à esquerda, os carismáticos estão mais preocupados com a questão da fé tradicional, longe da política. Eles perfazem 3% dos eleitores.
Os protestantes no Brasil dividem-se basicamente em dois grandes ramos: os protestantes ou evangélicos históricos e os pentecostais.
O ramo do chamado protestantismo histórico é constituído pelas igrejas protestantes de origem européia e norte-americana instaladas no Brasil desde o século passado e que há mais de quatro décadas estão quase completamente institucionalizadas entre nós, caracterizando-se por baixo grau de proselitismo, reproduzindo-se hoje de geração em geração.
Suas principais denominações são: Luterana, Batista, Presbiteriana, Metodista, Episcopal Congregacional. Os protestantes históricos são 4% do eleitorado.
Os pentecostais tiveram origem no reavivamento do protestantismo nos EUA, caracterizando-se por intenso exercício de conversão de massa e culto bastante centrado no apelo emocional, sobretudo pela glossolalia, reprodução do episódio bíblico da manifestação do Espírito Santo aos apóstolos, no dia de Pentecostes.
As principais denominações evangélicas pentecostais de origem estrangeira são: Congregação Cristã no Brasil, Assembléia de Deus e Evangelho Quadrangular.
A partir dos anos 70, esse pentecostalismo deu origem a diversas denominações já constituídas em solo brasileiro, com ênfase na cura divina.
As principais igrejas são: O Brasil Para Cristo, Casa da Bênção, Nova Vida, Deus é Amor, Igreja Universal do Reino de Deus, Renascer em Cristo e Internacional da Graça Divina. O pentecostalismo reúne 10% dos eleitores, sendo portanto a segunda força eleitoral entre as religiões.
O espiritismo kardecista, de origem francesa, foi introduzido no final do século passado, tendo prosperado por todo o país, sobretudo entre as camada médias urbanas, criando uma larga rede de instituições assistenciais. Os kardecistas, ou espiritualistas, congregam 4% dos eleitores.
As religiões afro-brasileiras compõem-se das religiões tradicionais africanas, como o candomblé, o xangô, o tambor de mina, catimbó e batuque, mais a umbanda, religião surgida nos anos 30 do encontro do kardecismo com as religiões afro-brasileiras, no Sudeste, donde se espalhou pelo país.
Hoje, de cada quatro fiéis destas religiões, três são umbandistas e um segue as denominações tradicionais.
Os afro-brasileiros são 1% dos eleitores.
Restam 2% de eleitores adeptos de um conjunto muito diversificado de religiões que não se classificam nos grandes grupos acima enumerados: judaísmo, adventista, Testemunhas de Jeová, mórmons, Seicho-No-Iê, messiânica, Perfeita Liberdade, budismo, Santo Daime, esotéricas e outras.
Entre os eleitores, 5% declaram não ter religião.

Texto Anterior: INTENÇÃO DE VOTO E RELIGIÃO
Próximo Texto: Mistificações de campanha
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.