São Paulo, domingo, 28 de agosto de 1994
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Mudar exige participação de todos funcionários

DA REPORTAGEM LOCAL

Os processos de mudança em qualquer empresa exigem a participação de todos os funcionários. Sem essa participação global não se consegue nada.
Essa teoria foi defendida por Paulo Arasaki, gerente sênior da KPMG Peat Marwick Auditores e Consultores, em seminário realizado na Folha dentro do ciclo "A Busca da Qualidade Total". Ele falou sobre "Como administrar mudanças".
Além da participação, o processo exige a colaboração de todos. Não se pode esperar que as coisas aconteçam por milagre. O jogo às claras facilita o processo e aumenta a adesão, diz o consultor.
Para provar que essa teoria dá certo, Arasaki conta uma fábula da Idade Média. Havia uma aldeia cujo produto principal eram excelentes uvas para a produção de vinho.
Nas comemorações do primeiro centenário da aldeia ficou decidido que cada produtor daria uma jarra de seu melhor vinho. Foi construído um grande tonel para servir de depósito. Cada produtor subia por uma escada e jogava o vinho no tonel.
No dia da comemoração o chefe da aldeia fez um discurso alusivo à data. Em seguida, foi tomar a primeira taça daquele que seria o melhor vinho até então produzido. Para surpresa de todos, do tonel saiu apenas água.
Segundo Arasaki, cada produtor pensou a mesma coisa: "se todos os outros vão pôr uma jarra de seu melhor vinho, uma de água apenas não fará diferença". Como todos pensaram da mesma forma (pôr uma jarra de água), não houve participação global. O resultado foi o fracasso total.
Passar da fase atual para a nova desejada não é um processo fácil. A fase intermediária –chamada pelo consultor de "transição"– é a mais difícil de todo o processo.
A mudança vai acabar gerando "dor". O combate a essa dor virá com o "remédio" da nova fase. Nessas horas, segundo Arasaki, os conflitos podem aumentar dentro das diversas áreas envolvidas no processo de mudança.
Para que essa passagem de uma para outra fase possa ser feita sem traumas é fundamental a presença dos agentes de mudança. O consultor diz que é preferível ter poucos agentes, mas que saibam efetivamente implantar as mudanças.
Os gerentes de departamentos são, segundo Aarasaki, as pessoas ideais para serem os agentes de mudança. A eles caberá, entre outras tarefas, mostrar aos outros como o trabalho de qualidade deve ser feito.
Além disso, o agente deve procurar alavancar o grupo sob seu comando para que as oportunidades sejam efetivamente alcançadas. Para isso, algumas características são importantes: conhecimento e utilização das habilidades e potenciais dos membros da equipe; motivar a equipe para quebrar barreiras; manutenção de um ambiente construtivo de trabalho e bom relacionamento pessoal.
A comunicação também é um fator importante dentro do processo de qualidade. Ela deve ser a mais ativa possível, diz o consultor. É preciso assegurar-se que as informações sejam divulgadas o mais rápido possível e incentivando a participação de todos.
Para isso, alguns detalhes devem ser observados no processo: quadros que reportem ações e participações futuras, formas de pesquisa de satisfação dos clientes internos e reuniões com o principal executivo da empresa.

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