São Paulo, domingo, 28 de agosto de 1994 |
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Os fatos e a conversa fiada
CLÓVIS ROSSI SÃO PAULO – Seria comovente, não fosse absolutamente inútil, o esforço da intelectualidade tucana para explicar e/ou justificar a aliança com o PFL.Se se dessem ao trabalho de interrogar a fundo os próprios líderes do PSDB, chegariam a resultados bem mais prosaicos, mas certamente muito mais próximos da verdade do que todos os elaborados raciocínios que vêm sendo construídos a respeito. Para ajudar nessa tarefa, aqui vão alguns dos argumentos verdadeiros, talvez fora da ordem de importância, o que, de resto, não vem muito ao caso: 1 - O fator provavelmente mais poderoso a impelir o PSDB para a aliança foi a hipótese de o PFL aliar-se a outro nome qualquer para disputar a Presidência. Mais concretamente, o que se temia no ninho tucano, na época em que foi feito o acordo, era uma aliança PFL-Orestes Quércia. É bom lembrar que o PFL paulista foi, durante anos, mera linha auxiliar do quercismo e que as relações entre Quércia e o maior cacique pefelista, Antônio Carlos Magalhães, nunca foram propriamente ruins. Hoje, Quércia já não assusta ninguém, mas até alguns meses atrás, boa parte dos líderes do PSDB, especialmente os de São Paulo, sofriam de um terrível complexo em relação ao líder do PMDB. Além disso, o surgimento de qualquer hipótese de terceira via, entre Luiz Inácio Lula da Silva e FHC, tenderia a tirar votos do tucano e não do petista, certo? 2 - O tempo no horário eleitoral. Sem o PFL (e, depois, o apêndice do PTB), o tempo de FHC no horário gratuito era considerado insuficiente, à época. Hoje, pode até parecer enorme, mas, no momento da aliança, o real era apenas uma enorme incógnita. 3 - Os votos nos chamados grotões. O PSDB acreditava que, por sua estrutura carente, não conseguiria penetrar nas cidades pequenas e mesmo em algumas cidades médias. 4 - O PSDB calculava que precisaria dos votos do PFL no Congresso, se ganhasse. Pedi-los antes ou depois da eleição era mais ou menos indiferente. Tudo o mais é conversa fiada. Texto Anterior: Rompendo tradições Próximo Texto: Dinheiro pelo ladrão Índice |
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