São Paulo, domingo, 28 de agosto de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Mundinho" manda Luxo para mundão

CLAUDIA GONÇALVES

\<FT:"MS Sans Serif",SN\>JOHNNY LUXO

"Mundinho" manda Luxo para mundão
No início era o luxo. Um dia, de tanto povoar a ponta da língua de João Marcelo Rolim, 21, o substantivo virou epíteto. Ele se tornou Johnny Luxo, o host (anfitrião) mais requisitado do mundo club paulistano.
Como todo moderno que se preze, Johnny também teve seus deslizes: aos 15, batia ponto nas domingueiras do clube Espéria. "Eu ia para dançar, mas o ambiente não condizia com a minha pessoa." Por "ambiente", leia-se teens metidos em jeans-tênis-camiseta, que ficavam em polvorosa ao trombar com um ser todo de preto, sapatos vermelhos e cabelo esquisito. "Eram roupas supernormais", defende-se.
Um amigo tirou Johnny do limbo careta das domingueiras e o apresentou ao circuito underground. Era o final dos anos 80: os hoje falecidos Madame Satã, Espaço Retrô, Nation e Sra. Krawitz tinham então som e pistas paradisíacas para um aspirante a clubber.
Em 1991, passados quatro anos de "ferveção" noturna e muitas cores de cabelo depois (como lilás, laranja, prata e azul-turquesa), o comunicativo Johnny ingressou na "carreira" de host. Pelas mãos do promoter Nenê, foi trabalhar no extinto Sra. Krawitz. Saiu de lá em 92, passou pelo Columbia e, desde junho, agita as festivas noites do Galpão Paparazzi –onde fica até a abertura do Samantha Santa. Toda essa rotatividade tem explicação: "Eu me considero um chamariz", conta, sem pudores.
Não dá para falar de Johnny sem lembrar de seu dom para neologismos. Entre suas invenções constam "almôndega" (nomeia um monte de gente dançando abraçada, como um bolo de carne), "calessa" (pronuncia-se caléssa e designa coisas velhas) e "laleska" (define pessoas "quá quá", ou seja, vazias, fúteis).
Versátil, o moço ainda acha tempo para atividades bissextas, como produtor de moda, modelo de Alê Herchcovitch e ator, como no curta "Serial Clubber Killer", de Duda Leite.
Movimento é mesmo com Luxo: mês que vem ele deixa o "mundinho" e leva 57 quilos e 1,80 m a Paris. "Quero ser modelo. Dá mais grana." Quem sabe não vira Johnny Luxe?

Texto Anterior: Acabou o aperto para os artistas
Próximo Texto: ÚLTIMA GERAÇÃO
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.