São Paulo, segunda-feira, 29 de agosto de 1994
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Patrimônio de US$ 2 bi está abandonado

Esse é o custo de 230 mil casas populares

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU

A maioria dos 116 armazéns do extinto IBC (Instituto Brasileiro do Café) está abandonada.
A informação é do presidente da Comissão Técnica de Cafeicultura da Faesp (Federação da Agricultura de São Paulo), Maurício Lima Verde Guimarães.
O IBC foi extinto em 12 de abril de 1990 pela lei 8.029, assinada pelo então presidente Fernando Collor de Mello.
A lei transferiu o patrimônio do instituto para a União, que fez um inventário do espólio do IBC.
Segundo o presidente do Conselho Nacional do Café, Manoel Vicente Bertone, este patrimônio está avaliado em US$ 2 bilhões.
O valor equivale ao custo de construção da usina nuclear de Angra 1. Seria suficiente para construir 230 mil casas populares.
"O patrimônio do IBC foi adquirido com dinheiro dos cafeicultores, através do confisco cambial de 30% na venda das safras de café", disse Bertone.
Além de armazéns, o IBC possui edifícios, terrenos e fazendas em vários Estados. Em Brasília, possuía 120 apartamentos.
A Confederação Nacional da Agricultura entrou na Justiça para reclamar o patrimônio do IBC, mas não teve êxito.
"Collor mudou a lei 1.779, de dezembro de 1952, que dizia ser da cafeicultura nacional o patrimônio adquirido pelo instituto".
Para ele, a situação mais séria é o destino dos 116 armazéns, que têm capacidade para armazenar 57,4 milhões de toneladas.
O presidente do Conselho Nacional do Café, Manoel Vicente Bertone, disse não ter idéia da situação dos imóveis do instituto.
A Agência Folha constatou em Avaré (268 km a oeste de SP) que dois armazéns do antigo IBC estão praticamente abandonados.
Em Bauru (345 km a noroeste de São Paulo), os armazéns foram arrendados para a Tristão, uma empresa exportadora.
O delegado regional da Receita Federal, Mário Kaimoti, disse ter requisitado a área para estocar mercadorias estrangeiras apreendidas no contrabando.

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