São Paulo, segunda-feira, 29 de agosto de 1994
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CBF, qual será o significado da sigla?

MARCELO FROMER; NANDO REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Erramos: 01/09/94

Ilustração que acompanha esta coluna, repete a ilustração publicada na edição de 6 de junho de 1994. CBF, qual será o significado da sigla?
Muito se tem falado no caso dos cartões e, não é para menos, este é um grande exemplo de 'Cinismo Burrice e Falsidade'.
Para aqueles que estão diretamente envolvidos com o futebol ou mesmo para aqueles que são meros e devotos espectadores, este é realmente um assunto de suma importância.
O fato é de extrema relevância, pois está diretamente ligado à preservação deste esporte: acabar com a suspensão automática é ferir a margem que faz com que o futebol beire a arte.
No nosso país o futebol é o mais alto grau de teatro.
Então a crítica pura, rascante e agressiva abre espaço para a sugestão pragmática e objetiva.
Se é verdade que a CBF ('Confederação Brasileira de Fariseus') urge destes novíssimos réis –agora reais– para engordar sua conta bancária, e só isto justifica esta nova medida, por que não, então, além de cobrar, punir?
Fácil, o jogador ou o clube continua a pagar a multa pelo eventual "crime" de um cartão amarelo e, além disso, volta a antiga regra da suspensão automática por uma partida após o terceiro cartão.
Isto não seria demasiadamente cruel para com o jogador, afinal de contas estaria ele, assim, colaborando para a preservação de sua própria espécie.
Seus instrumentos de trabalho, como as canelas, os meniscos, tíbias e perônios estariam correndo riscos bem menores.
E seria, também, de grande valor se os verdadeiros protagonistas dessa querela, os jogadores, decidissem e conseguissem intervir de maneira mais ativa e incisiva nessas eventuais decisões que acabam por interferir no seu trabalho, alterando as regras e prejudicando-os diretamente.
Mas o que mais espanta é a inércia dos dirigentes, na verdade responsáveis pela segurança do patrimônio do clube (os jogadores), teoricamente defensores dos direitos de seus empregados, que diante de um campeonato estapafúrdio como esse simplesmente interrompem o seu inofensivo rugir e o murmúrio de suas bravatas estéreis.
Será que não há nada que se possa fazer? Será que é tão poderosa assim esta CBF ('Confederação Brasileira da Farra') que nada a contenha em seus abjetos impulsos mercantilistas?
Talvez nesse caso o pulso do poder esteja mascarando também o sorriso da incompetência.
Já que não podemos –nunca pudemos– contar com o bom senso da 'Confederação Brasileira de Falhas', que tal se todos nós, na medida do possível, entrássemos em campo com a garra dos vitoriosos para derrotar a cegueira e a burrice de um órgão acéfalo?
P.S.: Estaria já o Palmeiras a largos passos para o bicampeonato se nesta fase do Brasileiro fazer gols não fosse o mesmo que fazer nada.

Marcelo Fromer e Nando Reis são músicos da banda Titãs

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