São Paulo, segunda-feira, 29 de agosto de 1994
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CD traz 'metal' do Suicidal Tendencies

MARCEL PLASSE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Não é de hoje que o Suicidal Tendencies, que tocou no Philips Monsters of Rock sábado passado, vem se aproximando do "metal".
Seu novo disco, "Suicidal for Life", ao menos tenta conciliar o conflito entre o hardcore adrenalina, da origem skatista do grupo, e os solos de guitarra e variações de dinâmica cabeludas que começaram a aparecer cedo, ainda na época do hit "Controled by Hate", no final dos anos 80.
A banda perdeu o referencial "underground" ao excursionar com Ozzy Osbourne e Metallica nos últimos anos.
É consequência: Suicidal não cabe mais em pequenos clubes, nem na platéia skatista de onde escapou. Virou banda grande. E o público das bandas grandes é hoje o público "metal".
O disco com maior apelo metálico do grupo saiu na época da turnê com o Ozzy, "Lights, Camera, Revolution", no início da década.
Há dois anos, a banda tentou outra via, o rock "alternativo", chegando a soar, em uma ou duas faixas do LP "Art of Rebellion", como Nirvana.
Em "Suicidal for Life", produzido pelo mesmo Paul Norethfield de "Art of Rebellion", a banda assume a variedade de influências num repertório "crossover" (intersecção) muito bem composto, capaz de misturar hardcore, "metal", rock alternativo e mesmo estrutura de rap em suas 13 faixas.
Mike Clark toca como se estivesse sampleando o formato "guitarra de metal", e não interpretando as músicas. Seus "riffs" (acordes principais) têm levada pesada, mas rítmica, como um "sample" de rap. A faixa "No Bullshit" é o melhor exemplo dessa prática.
Mike Muir exala raiva. Não canta, ameaça. O palavrão "fuck" e suas declinações compõem os principais refrões. Os títulos dão a noção exata: "Don't Give a Fuck", "No Fuck'n Problem", "Suicyco Muthafucka" e "Fucked Up Just Right".
Suicidal não fazia disco tão nervoso desde o clássico skatista "Join the Army", de 1987. Depois de "Art of Rebellion", um disco de fim de carreira, a façanha se torna ainda maior.
Com "Suicidal for Life", a banda tem como certa a recuperação de seu feudo skatista, sem que seja preciso perder nenhum fio dos cabeludos.

Disco: "Suicidal for Life"
Banda: Suicidal Tendencies
Gravadora: Sony
Preço: R$ 18,00 (o CD, em média)

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