São Paulo, terça-feira, 30 de agosto de 1994
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FHC despreza índice oficial de inflação

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Preocupado com os efeitos do aumento da inflação em sua campanha, Fernando Henrique Cardoso tentou ontem desqualificar a elevação de preços apontada pelo IPC-r (Índice de Preços ao Consumidor em reais)
O IPC-r é medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), um órgão do próprio governo.
"No índice que mede a inflação, que é da Fipe-Estadão, a inflação é de 2%. Na verdade, há deflação", disse. O IPC-r de agosto, divulgado ontem, foi de 5,46% –11,87% no acumulado dos últimos dois meses.
A Folha revelou ontem que a equipe de TV de FHC foi instruída a usar apenas o índice medido pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
A estratégia é utilizar indicadores que mostrem resultados melhores para o candidato.
FHC tentou amenizar o impacto da subida da inflação medida pelo IPC-r. Para ele, esse índice tem como objetivo medir perdas salariais e não aferir a elevação de preços ocorrida no consumo.
Segundo o candidato, mesmo que a inflação chegasse a 5%, ainda haveria uma "grande vantagem" sobre os índices inflacionários de antes do real. "Mas (a inflação) era 60%. Então é uma grande vantagem", afirmou.
Na verdade, a inflação antes do real chegou a 50% e não a 60%. Para FHC, o IPC-r foi superior ao índice do Fipe porque traz resíduos da inflação de junho, especialmente dos aluguéis.
"O IPC-r mede o resíduo inflacionário e serve para correção do salário na data-base", afirmou. "Há outros modos de medir (a inflação), que são para o consumo, e estes estão mostrando que a inflação está caindo".
FHC usou diversos argumentos para dizer que a infação está sob controle. "Se eu quisesse complicar as coisas, diria que é inflação inercial. Agora, no consumo, a inflação é de menos de 2%", disse.
Para FHC, há setores, entre eles o PT, que "torcem" pela volta da inflação: "Eles estão atacando o Brasil. Estão torcendo para a volta da inflação. É uma coisa penosa".
FHC reconheceu que sua subida nas pesquisas eleitorais estagnou. "Como houve subida muito rápida, é possível que haja um momento de parada", declarou.
Ele passou o dia em São Paulo fazendo gravações para seu programa de TV. Às 13h, saiu para almoçar com o empresário Roberto Gusmão, no restaurante Mássimo.
Aproveitou para cumprimentar o presidente do Paraguai, Juan Carlos Wasmosy, que almoçava com empresários no mesmo restaurante.
Conversou ainda com o ex-deputado Roberto D'Ávila, do comando da campanha do presidenciável Leonel Brizola(PDT).

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