São Paulo, terça-feira, 30 de agosto de 1994
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Êxodo aumenta outra vez

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O êxodo de cubanos em direção aos EUA ganhou novo ímpeto ontem, segundo jornalistas norte-americanos em Havana, que dizem ter visto "dezenas" de barcos partirem das praias da cidade.
A Guarda Costeira dos EUA havia recolhido 45 refugiados no mar até meio-dia, mas dizia ser impossível afirmar se a tendência de diminuição do número observada desde sexta-feira se mantinha.
Durante o fim-de-semana, membros do governo Clinton argumentaram que o refluxo se deve à sua política de impedir a chegada de cubanos aos EUA.
Mas o motivo mais provável foi o mau tempo na região do estreito da Flórida desde quinta-feira.
Ontem de manhã em Havana o dia estava claro. Mas a previsão dos meteorologistas era de mais chuvas, ventos fortes e até a possibilidade de um furacão na área do golfo do México.
No mês de agosto, mais de 17 mil cubanos foram detidos no mar pela Guarda Costeira dos EUA.
Os refugiados estão sendo levados para a base naval norte-americana de Guantánamo, no extremo sul de Cuba.
Funcionários de terceiro escalão dos governos dos dois países retomam nesta quinta-feira em Nova York conversações sobre migração de cubanos para os EUA.
A Casa Branca se nega a ampliar a pauta dessa reunião ou elevar o nível de seus participantes, como pediu o presidente de Cuba, Fidel Castro.
Fidel tenta convencer os EUA a suspenderem o seu bloqueio econômico a Cuba, imposto em 1962. O bloqueio, segundo Fidel, é o responsável pelas dificuldades enfrentadas por seu governo.
Para pressionar os EUA, Fidel liberou a saída de cubanos pelo mar. Em resposta, o presidente Clinton ordenou a detenção dos cubanos no mar e ampliou o bloqueio econômico.
Desde sexta-feira, estão probidos o envio de dinheiro e o tráfico de aviões dos EUA para Cuba. Essas medidas vão privar Cuba de US$ 600 milhões anuais.
Ontem, entrou em vigor a proibição do envio de presentes (exceto medicamentos, roupas, alimentos, pilhas, rádios e equipamentos de pesca) dos EUA para Cuba.
Pilhas e rádios são permitidos para tentar aumentar a audiência em Cuba da rádio Martí, patrocinada pelo governo dos EUA.

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