São Paulo, quarta-feira, 31 de agosto de 1994
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Universidade transparente

Neste momento em que é exigida a austeridade de todos os segmentos da administração estatal, o debate a respeito da gestão financeira das universidades públicas não poderia restar esquecido. Sabe-se, por exemplo, que as universidades estaduais paulistas passam por dificuldades orçamentárias sérias.
Como informa artigo do reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), José Martins Filho, publicado ontem em Tendências/Debates, esta instituição tem hoje 94,07% do seu orçamento comprometido com a folha de pagamento.
Sem discutir se os salários pagos hoje na universidade são justos ou não, não se pode deixar de considerar esse percentual um arrematado absurdo. Segundo dados do próprio reitor, seriam necessários 22% do orçamento para cobrir despesas comezinhas como água, luz, telefone, material de consumo, contratos de manutenção etc.
Cabe destacar que as universidades estaduais de São Paulo representam, do ponto de vista técnico, uma ilha de excelência dentro do atual e lamentável quadro de ensino e pesquisa do país. Levando-se em consideração a maior visibilidade dessas instituições, é de se saudar em princípio a disposição do reitor da Unicamp de propugnar a necessidade de maior transparência no trato administrativo acadêmico. Que se cobre a transparência não só da Unicamp como de todas as universidades públicas –não passa mesmo de uma obrigação.
O combate ao desperdício é a regra de ouro para que o Estado possa recuperar a capacidade de atender à população de maneira satisfatória em áreas vitais como saúde e educação. O que se espera da elite intelectual que compõe as universidades é justamente o exemplo de produtividade, eficiência e transparência. Que ela responda aos anseios de austeridade da sociedade com critérios adequados de avaliação de seus membros e racionalidade no trato de seus recursos.

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