São Paulo, quinta-feira, 1 de setembro de 1994
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Inquérito investiga ação de funcionários

FERNANDO MOLICA
DA SUCURSAL DO RIO

Pelo menos dez funcionários da Previdência Social foram indiciados em inquérito que apura fraudes na concessão de cerca de 900 aposentadorias e pensões na Superintendência Regional do INSS no Rio.
Os benefícios foram concedidos a partir de 1990. Das 900 aposentadorias ou pensões, cerca de 400 foram canceladas e 300, bloqueadas. Os outros 200 benefícios suspeitos ainda estão sendo investigados pela Polícia Federal e pelo INSS.
O valor das fraudes não foi calculado. Este total depende da soma de todos os benefícios irregulares pagos mensalmente a partir de 1990.
Estes benefícios podem variar de um a dez salários mínimos.
Conivência
As apurações da PF e da auditoria do INSS apontam para uma provável conivência com as fraudes por parte dos então responsáveis por quatro gerências regionais: a principal concentra os postos do centro do Rio.
Entre os indiciados está um ex-procurador da Previdência Social.
A Superintendência Regional do INSS suspendeu de suas funções todos os funcionários suspeitos.
O mecanismo das fraudes foi descoberto, em março passado, em consequência de uma outra investigação, sobre irregularidades em concessão de benefícios por acidentes de trabalho.
Advogado
Estas investigações levaram ao escritório do advogado Wadyson Camel. Lá foram encontradas, em diversas agendas, telefones e endereços de funcionários da Previdência Social, principalmente das agências do Centro, Penha, Irajá e Méier (bairros da zona norte do Rio).
Estas irregularidades, feitas, de um modo geral, em carteiras de trabalho, não eram contestadas por funcionários de postos do INSS suspeitos de integrarem a quadrilha.
A Folha telefonou ontem para o escritório e para a casa do advogado. Até as 18h10 ele não havia retornado as ligações.
Suspeita
Camel chegou a ser preso em consequência da suspeita de seu envolvimento com as fraudes.
Em depoimento prestado à Polícia Federal, ele revelou nomes e as fórmulas utilizadas pelos integrantes da quadrilha.
O advogado, porém, alegou que a confissão havia sido obtida sob tortura.
Isto gerou sua soltura por ordem judicial e abertura de inquérito contra o delegado Francisco Barros Leal, da Polícia Federal.
As investigações, porém, acabaram comprovando as principais irregularidades citadas no depoimento.

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