São Paulo, quinta-feira, 1 de setembro de 1994
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Pesquisas apontam fim da queda; inflação pode chegar a 2% este mês

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

Pesquisas feitas por instituições financeiras e consultorias indicam que os preços de varejo em São Paulo já não estão caindo. A maioria se estabilizou, mas alguns estão subindo, ainda que ligeiramente.
Pesquisa de um importante banco de atacado leva a prever a inflação de 1,5% a 2% em setembro, mais perto de 2%. Para outubro, a previsão é um pouco maior, em torno de 2,5%.
Esses resultados têm sido considerados compatíveis com o início de um programa de estabilização. Na Argentina, o Plano Cavallo, lançado em abril de 1991, fez uma inflação média mensal de 2,14%, no seu primeiro ano.
No segundo ano, a inflação foi de 17,5%, com média mensal de 1,35%. A tendência foi sempre declinante, com esporádicos saltos. Hoje, a inflação é de 5% anuais.
As pesquisas feitas em São Paulo utilizam o critério ponta-a-ponta. Comparam-se os preços de uma semana com os de semana anterior. Isso detecta não a inflação passada, mas a tendência atual.
Até a semana passada, o movimento era de queda. As últimas pesquisas mostram que a tendência dominante agora é a estabilidade, o que seria um resultado lógico para o plano. Os preços teriam caído, perdido "gordura" e estacionado.
Mas a alta de alguns preços indica que a tendência à estabilidade não está consolidada. O pessoal que lida com pesquisas não fala em tendência de alta porque as elevações ainda são fracas.
Entre consultores, acredita-se que o crescimento do consumo impediu que os preços continuassem caindo. Quanto à terapia para bloquear uma eventual tendência de alta, já não há consenso.
Juros altos reduzem consumo, mas aumentam os gastos do governo, que é o maior tomador de empréstimo. Juros altos também inibem o investimento de produção, necessário para aumentar a oferta de produtos. Em algum momento, o governo vai ter que baixar os juros. Pode fazer isso, por exemplo, impondo ao mesmo tempo limites ao crediário (reduzindo prestações, dificultando venda com cartão).
Pode também reduzir impostos de importação, arma mortal para bloquear alta de preços internos. O problema é calibrar isso de modo a bloquear aumentos abusivos, mas não tornar inviáveis as empresas brasileiras. Já se consolida a opinião de que, a curto prazo, será preciso fazer alguma coisa para conter preços e consumo.
Num ponto, todos concordam: a variável principal continua sendo segurar os gastos do governo e não emitir dinheiro para cubrir déficits.

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