São Paulo, quinta-feira, 1 de setembro de 1994
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Livreto diz que houve trama contra bicheiros

DANIEL CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Livreto acusa 'conluio' contra bicheiros
Publicação apócrifa diz que escândalo da lista do bicho foi uma 'revanche' para desmoralizar os contraventores
Os bicheiros do Rio de Janeiro supostamente produziram um livreto de 14 páginas em que se dizem vítimas de um "grande conluio", que seria promovido pelo procurador-geral de Justiça do Estado, Antonio Carlos Biscaia.
O livreto –intitulado "A Verdade Sobre o Jogo do Bicho - Basta de Hipocrisia"– é um contra-ataque às acusações de que os bicheiros agiriam como quadrilhas e que subornariam policiais, políticos e artistas.
O panfleto é apócrifo (autenticidade não-comprovada) e está sendo enviado a jornalistas em um envelope pardo, postado em São Paulo. O remetente é uma fictícia "Associação Barão de Drumont".
O livreto admite que os bicheiros "lavam" dinheiro em empresas "fantasmas" e que "socorrem" policiais e políticos em dificuldades.
Diz o panfleto que o escândalo dos supostos documentos contábeis da cúpula do bicho carioca, apreendidos em março na fortaleza de Castor de Andrade, foi uma "revanche" contra os bicheiros.
O escândalo do bicho teria sido, segundo o livreto, uma estratégia do procurador-geral Antonio Carlos Biscaia para se defender de acusações da deputada Cidinha Campos. A deputada, no relatório da CPI do INSS, acusou Biscaia de proteger quadrilhas que fraudavam a Previdência Social.
Para os bicheiros, a inclusão de Cidinha Campos na suposta lista de corrompidos pela contravenção permitiria desmoralizar suas acusações contra Biscaia.
Por trás do escândalo, segundo o livreto, estariam empresas e emissoras de TV interessadas na legalização do jogo do bicho.
O livreto conta que, antes do escândalo, tentativas de legalizar o jogo do bicho fracassaram. Relata que o então governador Leonel Brizola recusou proposta da multinacional Ctheech para assumir o jogo do bicho no Rio.
O livreto afirma que, sem o apoio do governo, os grupos interessados na legalização do bicho precisariam envolver os bicheiros em escândalos, como a suposta ligação com o narcotráfico.
O livreto acusa redes de televisão de explorar teleloterias e participar do "grande conluio" para assumir o jogo.
O livreto também ataca o presidente Itamar Franco, que estaria "sendo enganado" pela Caixa Econômica Federal (CEF) na defesa da legalização do jogo do bicho.
Para os bicheiros, a legalização do jogo estaria sendo dirigida à empresa Racimec, que fornece serviços para as loterias da CEF.
A CEF negou as acusações e disse que não tem intenção de explorar o jogo do bicho. O procurador Antonio Biscaia participa de um encontro em Belém do Pará e não foi encontrado pela Folha.

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