São Paulo, quinta-feira, 1 de setembro de 1994
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Seca 'migra' do Nordeste para Estados do sul do país

DA REPORTAGEM LOCAL

A seca, sempre associada à região Nordeste, "migrou" no inverno deste ano para o Sudeste e Centro-Oeste.
Segundo Prakki Satwamurty, pesquisador do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a falta de chuvas nessas regiões tem várias explicações.
A primeira é que, tradicionalmente, chove pouco durante o inverno no Sudeste e no Centro-Oeste.
A segunda é o enfraquecimento do fenômeno El Ni¤o, que torna as águas do oceano Pacífico mais quentes e traz repercussões nas condições climáticas do continente sul-americano.
"O El Ni¤o tem efeitos opostos no Brasil. Quando o fenômeno vem com força, aumentam as chuvas no Sudeste e piora a seca no Nordeste. Mas quando ele diminui de intensidade, é o Sudeste quem sofre os efeitos da estiagem".
Satwamurty disse que no ano passado, auge da influência do El Niño, choveu bastante nas regiões Sudeste e Centro-Oeste durante o inverno.
Em Brasília e Goiânia, as chuvas em agosto de 93 chegaram a 37,2 mm e 58,9 mm, respectivamente.
Neste ano, não choveu nada em Brasília, Goiânia e Cuiabá. Em Campo Grande, só choveu 1 mm até o dia 30 de agosto, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).
Já em algumas capitais nordestinas, choveu mais de 50 mm em agosto, como em Maceió (201 mm), Salvador (149 mm), Recife (86 mm) e Aracajú (78 mm).
Na cidade de São Paulo, a falta de chuvas e o calor elevam os índices de poluição e trazem uma série de problemas de saúde à população.
Ontem, a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) voltou a declarar estado de atenção em 4 das 24 estações que medem a poluição na Grande São Paulo.
O estado de atenção é declarado quando a qualidade do ar é considerada "má" e com pouca possibilidade de melhoria.
Segundo a Cetesb, quando a qualidade do ar é classificada como "má", há uma queda na resistência física da população em geral e agravamento da saúde de quem tem problemas respiratórios.
Ainda de acordo com dados da meteorologia, o inverno acabou mais cedo na maioria dos Estados.
Segundo Expedito Rebello, 38, do Inmet, o frio dificilmente voltará a São Paulo, por exemplo.
"A partir de setembro, as massas polares que entram pelo sul do país não têm mais a mesma intensidade. Quando chegam em São Paulo, já estão fracas demais para fazer a temperatura cair tanto", diz Rebello.
No Rio Grande do Sul, o inverno deve durar mais algumas semanas. As massas polares, que causam o frio, continuam atingindo o Estado com a mesma intensidade.

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