São Paulo, quinta-feira, 1 de setembro de 1994
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Aplicação de empresa migra para estoques

FIDEO MIYA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com as baixas taxas nominais de juros previstas para os próximos meses, associadas a uma estabilidade da inflação em patamar também baixo, boa parte das aplicações financeiras das empresas deve tomar novos rumos, prevê o presidente do Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros (Ibef), Waldir Luiz Corrêa.
Um deles é o aumento nos estoques de matérias-primas e mercadorias e não apenas por conta das vendas de final de ano.
"Com um cenário de estabilidade no horizonte, é natural que as empresas decidam investir mais recursos nos seus próprios negócios", afirma o presidente do Ibef.
Ele acredita também que uma parcela das aplicações em renda fixa tende a migrar para outros ativos com melhores perspectivas de valorização, como as Bolsas de Valores.
A maioria dos executivos financeiros leva em conta a inflação média para avaliar se os juros do mercado financeiro são positivos ou não. Para eles, o IPC-r é um componente a mais nos custos das empresas, através dos salários.
"Na média dos índices, a inflação de agosto ficou entre 3% e 3,5%", disse Corrêa.
Nessa conta, a taxa de 4,16% acumulada pelo CDI (Certificado de Depósito Interbancário) em agosto embute um juro real entre 0,64% e 1,13% ao mês ou entre 7,9% e 14,4% ao ano.
Uma pesquisa feita ontem entre 188 executivos financeiros revelou que 78,8% esperam, para os próximos seis meses, uma taxa média de juros abaixo de 4% ao mês. A inflação média nesse mesmo período será de até 3% ao mês, para 59% dos executivos.
O ex-ministro da Fazenda, Marcílio Marques Moreira, durante palestra em almoço promovido ontem pelo Ibef, disse que a inflação média de julho, entre 5% e 5,5% foi igual à do primeiro mês do Plano Cavallo, na Argentina, enquanto em agosto ela ficou em torno de 3,5%.
Ele prevê um índice entre 2,5% e 3% em setembro, seguido de uma pequena elevação em outubro.
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Se o governo tivesse adotado a média da mesma cesta de índices que utilizou para corrigir a URV de março a junho deste ano em vez de criar um novo índice para corrigir os salários (IPC-r), a celeuma em torno da inflação acumulada nos dois primeiros meses do real seria menor.
Em julho e agosto, o IPCA-E foi de 5,21% e 5%, respectivamente, enquanto o IPC-Fipe (terceira quadrissemana) foi de 6,38% e 2,86%. O IGP-2 (apurado no mesmo período do IGP-M, mas reflete variação de preços em URV e em real) foi, respectivamente, de 4,33% e 3,94%.
Essa cesta de índices mostra uma inflação média acumulada de 9,45% nos dois meses (5,31% em julho e 3,93% em agosto), 2,2% abaixo dos 11,87% do IPC-r.
A cesta também indica que a taxa acumulada de 11,12% pelo CDI no mesmo período (6,68% em julho e 4,16% em agosto) embute um juro real de 1,52%, equivalente a 9,5% ao ano.

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