São Paulo, quinta-feira, 1 de setembro de 1994
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Russos deixam Berlim após 49 anos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Rússia concluiu ontem a retirada de suas tropas da Alemanha. A saída encerra 49 anos de presença militar no país, iniciada na Segunda Guerra Mundial.
"Hoje é o último dia do passado", disse o presidente russo, Boris Ieltsin, que participou de cerimônias em Berlim junto com o chanceler alemão, Helmut Kohl.
Ieltsin exaltou a atuação do Exército Vermelho no país e lembrou que foram as tropas soviéticas que libertaram Berlim do nazismo, em maio de 1945.
Kohl disse que a retirada é o início de uma nova fase de cooperação entre Rússia e Alemanha.
"Sem a participação russa não pode haver nem segurança nem prosperidade na Europa", afirmou.
Kohl lembrou também o papel da ex-União Soviética na época da Guerra Fria: "O muro e as cercas pesaram muito e durante muito tempo sobre nossas relações".
Os dois líderes participaram de cerimônias em uma praça e um teatro da cidade e depositaram flores no memorial aos soviéticos mortos na ocupação de Berlim.
Ieltsin e Kohl também assistiram ao desfile dos cerca de 2.000 soldados russos –remanescentes dos mais de 300 mil que estavam no país no auge da Guerra Fria– junto com 600 alemães.
A partida dos russos antecede a saída da Alemanha de tropas dos Estados Unidos, Inglaterra e França em 8 de setembro, em uma cerimônia separada.
A operação de retirada dos militares, civis e equipamentos da Rússia, iniciada em 90, custou US$ 9 bilhões à Alemanha.
A maior parte do dinheiro será usada para construir casas para oficiais, que têm dificuldades de recolocação no Exército russo e de ex-repúblicas soviéticas.
O governo alemão deve gastar dezenas de bilhões de dólares para limpar os 2.400 quilômetros quadrados das instalações usadas pelos russos. A área está poluída com lixo, combustível e munição.
A Rússia também terminou ontem a retirada de suas tropas das repúblicas bálticas da Estônia e Letônia, anexadas durante a guerra. A saída ocorreu sem a pompa vista na Alemanha.
"Quando um homem sai da prisão, ele fica feliz de estar livre, mas também está triste com o que aconteceu", disse o premiê da Estônia, Mart Laar, resumindo o sentimento sobre o fim da ocupação.
As tropas na Lituânia saíram do país ano passado. Nos três países há controvérsias quanto aos direitos legais dos descendentes das tropas de ocupação e a presença russa era vista com hostilidade.
Apenas alguns militares permanecem nos países para trabalhar em manutenção de equipamentos.

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