São Paulo, quinta-feira, 1 de setembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Edimburgo esbanja civilidade

DAVID DREW ZINGG
ESPECIAL PARA A FOLHA

Edimburgo é um centro mundial de direito, medicina, ensino e artes –e também financeiro, é bom não esquecer.
O desenvolvimento de grande parte do Oeste americano foi financiado por banqueiros de Edimburgo, e a cidade hoje é um centro financeiro mundial de peso, comparável a cidades como Zurique, Londres e Nova York.
Enquanto outras metrópoles mundiais como Roma, Tóquio e Berlim ostentam as cicatrizes da desolação interna, são divididas por seu alto custo e escondem sua originalidade atrás das cortinas antissépticas dos arranha-céus que servem aos ricos, esta cidade escocesa se mantém em grande medida intocada.
Lá do alto da Edinburgh Rock, o castelo mostra sua cara fechada para as mesmas ruas descritas por Robert Louis Stevenson em "O Médico e o Monstro".
As praças pelas quais a sempre triste e carrancuda rainha Mary passou, defendendo sua amada Escócia, são exatamente as mesmas pelas quais pode passear o visitante de hoje.
Esta é a cidade ideal para se satisfazer todas as necessidades do visitante civilizado, desde a boa companhia até o bom uísque, passando pela paz de espírito.
Edimburgo é uma ilha de tranquilidade num mundo cada vez mais confuso. Ela faz suas próprias coisas, segura na certeza de que no fim das contas a vitória será da qualidade.
É uma cidade feita para se andar a pé. Hoje seu ar é limpo, muito diferente da época em que era conhecida como "Auld Reekie", ou "Velha Fedorenta", por sua atmosfera sufocante, carregada de fumaça.
Algumas das ruas que cortam a Cidade Velha foram construídas e pavimentadas antes da virada do século 11.
Um dos maiores pequenos museus do mundo (no mesmo nível da Coleção Frick, de Nova York) fica perto das trilhas de trem escondidas que levam a Londres, a apenas quatro horas de distância.
A National Gallery of Scotland abriga a melhor coleção de quadros de Ticiano fora de Veneza ou Madri.
Em sua seção escocesa, a Gallery exibe uma série de retratos e quadros históricos que explicam muita coisa sobre a personalidade escocesa.
O humorista vitoriano inglês Sydney Smith visitou Edimburgo no final do século 19, no auge dos anos dourados da cidade. Comentou sobre ela: "Gosto extremamente deste lugar... que reúne boas bibliotecas... homens eruditos... uma sociedade geral muito boa; virgens muito saudáveis, com rostos brandos e agradáveis e seios brancos, arfantes..."
As feministas modernas podem achar ofensivas as palavras de Smith, mas quando vi um quadro feito no ano de 1814 exposto na Gallery –o "Retrato de Mrs. Scott Moncrieff"– senti que o humorista inglês sabia do que estava falando.
Tradução de Clara Allain

Texto Anterior: Hotéis lembram arquitetura do século 19
Próximo Texto: Veja o calendário dos festivais
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.