São Paulo, sexta-feira, 2 de setembro de 1994
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Fleury não quer ser porta-voz dos adesistas

XICO SÁ; GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, Luiz Antonio Fleury Filho (PMDB), rejeita o papel de porta-voz dos candidatos peemedebistas aos governos estaduais que pretendem aderir à candidatura de Fernando Henrique (PSDB).
Por temer a reação de Orestes Quércia, o grupo de candidatos tenta escalar Fleury para conversar com o presidenciável.
Fleury tem sido procurado com insistência, mas tem desconversado. Alega que o partido tem candidato próprio e não deve partir para a infidelidade.
Na avaliação de Fleury, esse papel de porta-voz só poderia ser feito pelo presidente do partido, Luiz Henrique (PMDB-SC).
Segundo o governador paulista, o apelo dos adesistas tem diminuído nos últimos dias.
O temor dos candidatos do PMDB é sofrer prejuízos eleitorais caso fiquem de fora do que chamam de "arrastão do real" –referência ao favorecimento do PSDB com a nova moeda.
Fleury diz que está firme e decidido: no primeiro turno, segue com Quércia, embora avalie que possa haver realmente uma debandada dos seus colegas.
O candidato mais aflito para aderir é Wilson Martins (MS), que teme perder uma eleição dada como certa no seu Estado.
Por este motivo, ele tem liderado o grupo que se reuniu anteontem, em Brasília, com o ex-presidente Sarney para avaliar a fuga para FHC.
Quércia chamou ontem de "traidores" os que rumam para a candidatura do PSDB.
"São oportunistas políticos", disse o ex-governador. "Mas já enfrentei isso, pessoas que me traíram", completou o peemedebista.
Quércia admitiu, porém, que o Plano Real mina sua candidatura. "Está difícil explicar que o plano é uma armação eleitoral", disse.
Ele descartou eventual punição partidária aos candidatos que pretendem desembarcar de sua candidatura. "Essa gente vai cair do cavalo."
(Xico Sá e George Alonso)

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