São Paulo, sexta-feira, 2 de setembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Aquecimento global

WAGNER COSTA RIBEIRO

A entrada em vigor da Convenção de Mudanças Climáticas (CMC), em março deste ano, representou um avanço na regulação da ordem ambiental mundial. Porém, ela não significa a solução para os problemas advindos do aquecimento global. Ao contrário: o alerta de especialistas publicado na Folha em 26 de julho passado reforça a vaguidade da CMC.
No relatório do Comitê Internacional sobre Mudanças Climáticas, os pesquisadores apontam para a urgência em se estabelecerem medidas radicais de contenção da emissão de gases estufa na atmosfera.
A manifestação da comunidade científica internacional é importante, pois indica um consenso que parecia não existir durante as Reuniões Preparatórias da Rio-92. Aliás, foi justamente esse o argumento empregado para se construir um texto frágil, no que diz respeito ao efetivo controle da emissão de gases estufa na atmosfera.
A CMC estabeleceu para os países signatários a manutenção dos níveis de emissão de 90 dos gases estufa no ano 2000. Esse fato é questionado pelas Organizações Não-Governamentais (ONGs) nas reuniões do Comitê de Negociações Intergovernamental (composto pelos países signatários da CMC e ONGs) que se deram depois da Rio-92. Nas reuniões do comitê, as ONGs pressionaram na direção da revisão da CMC. A razão alegada era de que os países signatários acabaram por criar o privilégio da emissão de gases estufa na atmosfera.
Ou seja, em vez de alterarem seu padrão de consumo, congelaram o direito de emitir gases na atmosfera. Nesse caso, estão incluídos os países industrializados centrais ou periféricos e aqueles que realizam queimadas em áreas de vegetação natural.
Em abril do próximo ano, ocorrerá na cidade de Berlim (Alemanha) a Primeira Conferência entre as Partes. Será o momento de se rediscutir a mudança do padrão de consumo ou a manutenção do privilégio de emitir gases estufa.
Esperamos que a comunidade científica internacional e as ONGs possam fazer ecoar em conjunto suas convicções diante dos representantes oficiais.
É preciso que se estabeleçam medidas mais concretas para revertermos o quadro que se apresenta. Um maior controle de emissão de gases estufa deve ser implantado, ao menos como uma atitude preventiva.

Texto Anterior: Amazonas ; PArá 1 ; Pará 2 ; Pará 3
Próximo Texto: Justiça manda soltar o bicheiro Ivo Noal
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.