São Paulo, sexta-feira, 2 de setembro de 1994
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Produto local mostra seu valor com safra 91

JORGE CARRARA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Um inverno frio e prolongado, uma perfeita brotação das videiras e um verão seco e ensolarado criaram em 1991 condições singulares para o desenvolvimento das uvas na serra gaúcha.
Os vitivinicultores do Rio Grande do Sul –habituados a verões úmidos e sujeitos a enxurradas– tiveram em suas mãos naquele ano cachos maduros e sãos, ótimos para o desenvolvimento de seus vinhos, nesta que foi uma das melhores safras registradas na história vinícola do país.
Aqueles que sentirem curiosidade em saber o patamar que os tintos nacionais do primeiro time podem atingir em um bom ano poderão conferir o potencial dos goles rubros tupiniquins através de alguns dos últimos exemplares desta safra excepcional que chegou ao mercado.
Entre eles continuam se destacando os Cabernet Sauvignon, cepa que tem o seu reduto principal na região de Bordeaux, no sudeste da França. Ela sustenta por lá alguns dos melhores vinhos do país e tem-se adaptado muito bem aos terrenos do sul do Brasil.
Uma amostra destes Cabernet brasileiros da safra 91 é o Forestier Reserve, um tinto de aroma e sabor frutado que mescla leves pinceladas de framboesa e pimentão. Ele tem bom corpo e final marcado por taninos que ainda precisam se arredondar.
Outra boa pedida –especialmente para os que gostam de vinhos condimentados com carvalho– é o Cabernet da Vinícola Aurora. Ele tem perfume marcado pela madeira que se sobrepõe a toques de frutas vermelhas, corpo médio e, apesar de tânico, pode ser bebido já –ou guardado ainda por um par de anos.
Igualmente temperado por carvalho, o Millésime 91 –também da Aurora– é mais redondo. Ele foi elaborado a partir de lotes de uvas selecionadas (100% Cabernet Sauvignon) e, após passar dois anos em barris de carvalho francês e americano, repousou por 12 meses nas mesmas garrafas importadas da Itália –de ombros retos e gargalo alongado tipo "vino da tavola"– em que chegou às prateleiras.
O Millésime tem corpo médio e ainda está um pouco novo, adstringente. Ele tem paladar frutado (framboesa) bem combinado com tons finos de madeira, apresenta bom equilíbrio e sobretudo deixa na boca, após um final agradável, a certeza de que os vinhos de ponta brasileiros estão, ano após ano, cada vez melhores.

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