São Paulo, sexta-feira, 2 de setembro de 1994
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Sintonia fina

O governo anunciou esta semana alguns ajustes na condução do programa de estabilização. A contenção do crédito ao consumidor e a liberalização do mercado de câmbio são medidas de sintonia fina da gestão econômica.
O crescimento moderado do consumo e as estimativas de que os índices de preço continuarão a apontar uma inflação decrescente permitem avaliar que o desempenho geral do plano continua promissor. As medidas adotadas indicam que, face a possíveis dificuldades, o governo preferiu acautelar-se e agir preventivamente.
A surpresa do índice oficial de inflação, o IPC-r de 5,46% em agosto, e o deságio do dólar, que tem oscilado na faixa de R$ 0,90 sem que se esboce uma tendência de recuperação, se não diminuíram a confiança em relação ao comportamento da economia, mostraram que o esforço de estabilização demanda um acompanhamento atento.
A elevação do recolhimento compulsório que os bancos fazem ao Banco Central sobre os saldos da poupança e dos depósitos a prazo tem o efeito de reduzir as fontes de financiamento do crédito pessoal e do crediário. Desse modo, desestimula o consumo.
Como as vendas a prazo envolvem apenas a empresa financiadora e o cliente, a provável elevação das taxas financeiras cobradas nessas operações não afeta os juros básicos da economia, pagos pelos títulos públicos. Assim, atinge-se o objetivo de evitar que o nível de atividade econômica cresça a um ritmo excessivamente rápido, sem que haja novos custos para o Tesouro ou desestímulo aos investimentos.
Na área cambial, as novas regras são coerentes com a meta de liberalização e desburocratização das operações externas. Ainda que seu efeito imediato pareça ser pequeno, o mercado ganhou maior agilidade. É positivo que em vez de intervir diretamentamente vendendo ou comprando divisas, como fazia no passado, o Banco Central procure equilibrar a taxa de câmbio facilitando as importações e a compra de dólares em operações financeiras com o exterior.

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