São Paulo, sexta-feira, 2 de setembro de 1994
Texto Anterior | Índice

Ataque à mídia ; Jaguaribe e os índios ; Justiça do Paraná ; Salário na universidade ; Atlas ; Análise histórica ; Comícios do PT ; Monstros do rock

Ataque à mídia
"Devemos ser gratos ao advogado José Paulo Cavalcanti Filho por ter tido a coragem de atacar com competência ('Horário nada gratuito', 2/08 e 'A voz do dono', 25/08) o mais poderoso bastião da oligarquia entre nós: os meios de comunicação de massa."
Fábio Konder Comparato, professor titular da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

Jaguaribe e os índios
"O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, representando as entidades subscritas, vem externar seu veemente repúdio às teses defendidas pelo sr. Hélio Jaguaribe acerca dos índios brasileiros. Suas vergonhosas propostas não atingem apenas os povos indígenas, mas afrontam as regras fundamentais de convivência humana, definidas pelas Nações Unidas ao longo dos anos, não mais dissociando a idéia de desenvolvimento do respeito e promoção dos direitos culturais dos povos (art. 6º da Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento, 1986). No mesmo sentido, a Constituição de 1988 garante aos índios o respeito a sua organização social, costumes, línguas, crenças, tradições e território, rejeitando claramente posições semelhantes às defendidas pelo sr. Jaguaribe, cuja aproximação com um dos postulantes à Presidência da República preocupa, e muito."
João Benedito de Azevedo Marques, da Ordem dos Advogados do Brasil, Maria Ignês Bierrenbach, da Comissão Teotônio Vilela, Benedito Domingos Mariano, do Centro "Santo Dias" de Direitos Humanos, Marco Antonio Rodrigues Barbosa, da Comissão de Justiça e Paz, Júlio Renato Lancelotti, do Centro de Defesa dos Direitos Humanos "Padre Ezequiel Ramin", Maria Aparecida Lopes, do Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Osasco, Jairo Gonçalves da Fonseca, da Ordem dos Advogados do Brasil, Paulo Maria Ferreira Araújo, do "Grupo Tortura Nunca Mais" e Carlos Weis, secretário-executivo do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (São Paulo, SP)

"Justa e irreparável a argumentação do antropólogo Darcy Ribeiro sobre a absurda proposição do professor Hélio Jaguaribe a respeito do futuro da nação indígena no Brasil. Melhor proposta não poderia partir daquele que, junto com o ex-governador Moreira Franco, iria exterminar e erradicar a violência no Rio em cem dias."
Paulo Henrique Machado (Niterói, RJ)

"Acredito ser honesta e corajosa a proposta de Hélio Jaguaribe de promover a integração do índio mediante a sua escolarização. Tal proposta, no meu entendimento, não tem nada a ver com racismo, extermínio de índios ou, como classificou o sr. Marcos Terena (Folha, seção Tendências/Debates de 31/08), com 'limpeza étnica'. O pensamento do cientista político é mais avançado: preocupa-se com a evolução do homem, independentemente de sua etnia. Sr. Marcos Terena, quantos de seu povo não gostariam de ter o mesmo nível de informação, o mesmo progresso intelectual que o senhor conquistou? Por que privá-los do conhecimento? Por que congelá-los no tempo? A educação é um direito constitucional assegurado a todos, indistintamente. É demagógico insistir no velho chavão de que a terra é do índio e que o homem civilizado é um impostor. Os maiores críticos da proposta de Jaguaribe são justamente aqueles que estão mais distantes do 'estado primário de evolução' a que se refere o cientista político. O índio está no estágio atual não por opção, mas por falta de opção."
Marcos Cardoso Leite (São José do Rio Preto, SP)

Justiça do Paraná
"Li, na edição do último dia 31/08, à página 3 do caderno Cotidiano da Folha, reportagem com o título 'Dossiê reabre caso de magia negra no Paraná' com citações do repórter Claudio Julio Tognolli, algumas entre aspas, envolvendo a minha pessoa. Gostaria de esclarecer que nunca concedi entrevista a referido jornalista sobre o assunto abordado no texto. Ao responder, em tese, uma consulta de advogados sobre um processo que tramita em grau de recurso neste Tribunal de Justiça, não poderia imaginar que tais opiniões –colocadas em forma de tese, volto a afirmar- fossem veiculadas neste importante órgão de comunicação."
Lauro Lima Lopes, vice-presidente do Tribunal de Justiça do Paraná (Curitiba, PR)

Salário na universidade
"O governo do Estado de São Paulo não está repassando para as universidades os recursos exigidos em lei (lei 8.359 de 27/07/89), como reconhece o reitor da Unicamp em artigo de 30/08 neste jornal. Não seria o caso de aquele reitor acionar o Poder Judiciário e escrever artigos exigindo que o sr. Fleury cumpra a lei, no lugar de reduzir salários –em cerca de 25% desde julho– e escrever artigo criticando aqueles que 'há dois meses reclamavam uma recuperação salarial'?"
Otaviano Helene, presidente da Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo -Adusp (São Paulo, SP)

Atlas
"Nós aqui da Norton queremos elogiar a competência com a qual foi concebido este grande projeto editorial do atlas Folha/'The New York Times'. Mais uma vez, a Folha saiu na frente, movimentando a concorrência, a mídia, o mercado publicitário e o país. Todos nós ganhamos -e o leitor ainda mais- com a seriedade de um veículo de vanguarda, que não diminuiu o preço, não aumentou o desconto, mas chegou muito rápido a mais um grande sucesso."
Rosemary Campiani, diretora de mídia da Norton Publicidade (São Paulo, SP)

Análise histórica
"Felicito efusivamente a Folha pela coluna "De Volta ao Passado", de Otavio Frias Filho (25/08), que ajuda a interpretar, com clareza e concisão, não apenas o momento eleitoral brasileiro, mas todo o momento histórico."
Zoilo G. Martinez de La Vega, diretor da Agência Efe para o Brasil (Rio de Janeiro, RJ)

Comícios do PT
"Não concordo com o balanço da Folha no que tange aos comícios do último fim-de-semana na Grande São Paulo. Em Pirituba e em São Bernardo, por exemplo, reunimos mais de 3.000 e 15.000 pessoas, respectivamente. Este jornal, no entanto, publicou somente 500 em Pirituba e de 5.000 a 7.000 pessoas em São Bernardo. Além disso, a atração principal nestes comícios não eram artistas famosos e sim a força da candidatura Lula e dos nossos próprios candidatos. A Folha carregou nas tintas ao publicar, em manchete de primeira página: 'Fracassam os comícios do PT em São Paulo', dando fortes demonstrações da parcialidade deste jornal nas eleições deste ano. A liberdade de imprensa pressupõe informações corretas."
João Antônio da Silva Filho, da secretaria geral do Diretório Municipal do PT (São Paulo, SP)
Nota da Redação - A Folha mantém as informações publicadas.

Monstros do rock
"Pobres de nós, amantes do rock. Somos discriminados por uma simples opção musical. A entrada do Pacaembu no dia do 'Phillips Monsters of Rock' (27/08) mais parecia um depósito de lixo. Não havia nenhuma sinalização que indicasse a arquibancada ou a pista (fui revistada duas vezes, que legal!); o banheiro das mulheres não tinha luz; a cerveja era quente e acabou cedo; e a polícia, 'gentil e cortês' como em todos os shows de rock. E ainda temos que ouvir as rádios-rock de São Paulo continuamente dizendo que êxtase foi aquilo. Da arquibancada, mal se ouvia qualquer coisa. Organizar ou patrocinar eventos também é cuidar de 'pequenos' detalhes. Não matem o rock."
Sandra Bassi (São Paulo, SP)

Texto Anterior: Biodiversidade ou biodiversionismo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.