São Paulo, domingo, 4 de setembro de 1994
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O tempo passa

Em 1978, o MDB lançou dois candidatos a senador em São Paulo, usando o artifício da sublegenda. O nome mais conhecido do partido e favorito na eleição era Franco Montoro. O outro oposicionista era um intelectual que acabara de entrar para a política partidária: Fernando Henrique Cardoso.
Certa manhã, o sociólogo foi fazer panfletagem na porta da fábrica da Volks, na região do ABC paulista. Acompanhado de uns poucos amigos e assessores, ele distribuía seus folhetos para os trabalhadores que saíam do turno da noite.
Entretanto, a trupe logo percebeu que o trabalho era inútil. Os metalúrgicos pegavam os panfletos, mas, alguns metros adiante, jogavam os papéis no chão sem ao menos passarem os olhos pelo que estava escrito.
Os emedebistas já estavam quase desistindo quando um dos acompanhantes recorreu a um sindicalista da região. Ele subiu no carro da comitiva e começou a discursar, pedindo que os trabalhadores prestassem atenção aos panfletos de Fernando Henrique. A tática funcionou: os metalúrgicos começaram a ler o que recebiam.
O sindicalista era Lula.

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