São Paulo, domingo, 4 de setembro de 1994
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Governo distribui 50 concessões em 2 meses

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Nos últimos dois meses, o Ministério das Comunicações distribuiu mais de 50 concessões para empresas interessadas em explorar o serviço de radiochamada.
Radiochamada é um serviço de transmissão de mensagens (recados telefônicos) para pequenos aparelhos que podem ser levados no bolso ou presos à cintura.
Os aparelhinhos eletrônicos, chamados "paging", são uma evolução tecnológica dos "bips" e têm a vantagem de que o usuário não precisa ligar para a central para saber o recado. Eles têm um visor onde aparecem as mensagens.
O paging é uma verdadeira febre nos Estados Unidos, onde há 18 milhões de usuários deste serviço.
No Brasil, o mercado está apenas começando. O número atual de usuários é de 120 mil mas, na avaliação das empresas, poderá chegar a 2 milhões até 1.997, o que significaria uma receita aproximada de US$ 600 milhões por ano.
Entre as empresas recentemente autorizadas pelo Ministério das Comunicações a atuar no mercado, está a Andrade Gutierrez Telecomunicações, subsidiária da construtora Andrade Gutierrez, uma das maiores do Brasil.
O grupo Icatu (família Almeida Braga), do Rio de Janeiro, obteve, no mês passado, concessões para operar o serviço na grande São Paulo, Porto Alegre, Recife, Curitiba, Salvador, Rio e Brasília
Outro grupo de peso que se prepara para entrar no mercado de radiochamada é o Itamarati (empresário Olacyr de Morais).
A Splice do Brasil, parceira do grupo Itamarati em vários projetos na área de telecomunicações, conseguiu concessões, no final de julho, para atuar nas principais capitais do país.
A Odebrecht Telecomunicações (subsidiária da construtora Odebrecht), entrou com pedido de autorização no Ministério e também quer entrar no mercado, segundo confirma o presidente da empresa, Sebastião Alfa.
As concessões são por 15 anos, renováveis, mas não significam reserva de mercado. Pelo contrário, a disputa será muito grande. Só para a cidade de São Paulo, existem 18 concessões.
Até agora, este mercado era dominado por três empresas que têm concessão em âmbito nacional: a Teletrim (Organizações Globo, Bradesco, Victori e a Stet italiana); a Telemensagem (que tem a norte-americana Motorola como principal acionista) e a Mobitel S/A, controlada pela Marconi portuguesa.
O presidente da Teletrim, Jorge Brandão, diz que a chegada de novos concorrentes não o assusta: "O mercado potencial é muito grande e há espaço para todos".
A instalação de um serviço de telemensagem requer investimentos altos em compra dos pagings e dos equipamentos de transmissão, que são todos importados.
A Teletrim, segundo seu presidente Jorge Brandão, investiu US$ 15 milhões para instalar-se em São Paulo, Rio e Brasília..
Como os investimentos são altos, a expectativa no mercado é de que haja um processo de associação entre as empresas ou de parceria com companhias estrangeiras que explorem este serviço.
Uma associação já se confirmou: a Acme Paging, subsidiária da Crowley Cellular (atuação em Nova York e Chicago) se instalou em São Paulo como sócia da Conectel S/A. Seu sócio nacional é o advogado Beno Suchodolski.

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