São Paulo, domingo, 4 de setembro de 1994 |
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Para intelectuais do PT, Real "fará água"
VINICIUS TORRES FREIRE; FERNANDO DE BARROS E SILVA
Grupo já fez até slogan anti-FHC VINICIUS TORRES FREIRE "Quando o real começar a fazer água, chame o encanador". Este seria o slogan do PT no segundo turno das eleições presidenciais, dizem os intelectuais do partido. A menção ao encanador é referência à frase dita pela atriz Ruth Escobar, para quem as opções de voto seriam um encanador (Lula) e um filósofo (FHC). Não houve unanimidades na avaliação da crise petista. A maioria, porém, atribuiu a ascensão de FHC, mais do que à queda da inflação, a um "massacre de propaganda". Expressões como "marketing estatal e privado", "desequilíbrio flagrante" da mídia e "dilapidação do Estado", para favorecer o tucano, predominaram nas análises. Apesar da tentativa tácita de minimização dos efeitos do plano, os intelectuais se mostravam perplexos diante da ausência de alternativas petistas de combate à inflação. "Me perguntam se o PT não teria feito o mesmo (que FHC) contra a inflação. Não sei o que dizer", diz um filósofo. Um colega de disciplina responde: "Pelo menos o salário não seria de R$ 64 e teríamos usado a lei delegada contra o aumento de preços". "Também poderíamos negociar nas câmaras setoriais", acrescenta o primeiro filósofo. O economista ao lado explica que não daria certo. Se a direção do PT até agora não dispõe de estratégias de impacto para sacudir a campanha, seus intelectuais tampouco. Os mais militantes acreditam que existe uma faixa do eleitorado (de 10% a 25%) que não está segura de seu voto. O esclarecimento do projeto petista, a negação de boatos negativos sobre Lula e o PT e a recuperação de suas bases sociais tradicionais trariam esses votos "flutuantes". A busca de novas alianças não está descartada. A virada, porém, não seria sensacional. "Vamos chegar ao segundo turno como em 1989, no sufoco, mas depois vamos ter fôlego para desmascarar a farsa do real", disse um intelectual da direção partidária. A partir de outubro, o Plano Real entraria em crise e esvaziaria a urna dos tucanos. Tal avaliação não é compartilhada por economistas do PT menos ligados à direção da campanha. Colaborou FERNANDO DE BARROS E SILVA, da Reportagem Local. Texto Anterior: Ex-colegas chamam FHC de "traidor" Próximo Texto: Boletim de Lula apóia atos da CUT Índice |
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