São Paulo, domingo, 4 de setembro de 1994
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O PT e o Imposto Único

MARCOS CINTRA

Em programa de TV, na semana passada, Aloizio Mercadante criticou o Imposto Único. Disse que a proposta é inviável por inexistir precedente histórico. Com isso, esquivou-se de discutir a essência do projeto, que aparenta desconhecer.
O candidato do PT sugere que a reforma tributária no Brasil deva ser copiada de outras economias. O que denota duas características mentais do deputado, indesejáveis em um vice-presidente: complexo de inferioridade e conservadorismo.
O deputado parece acreditar que nada pode ser criado em nosso país. A visão é coerente com a do PT, que se esmera em criticar e destruir, mas é incapaz de propor alternativas.
É por isso que o PT se esborrachou ao torpedear o Plano Real. Fez de tudo para evitar sua aprovação no Congresso. E agora faz de tudo para desmoralizar seus resultados.
O Brasil tem duas características essenciais para implantar o Imposto Único: alto grau de desmonetização e sofisticado setor bancário, com sistema integrado de compensação.
Nenhuma outra economia no mundo reúne condições tão propícias para a implantação do Imposto Único. Portanto, o mimetismo cultural de Mercadante fica prejudicado.
O atual modelo tributário, que aparentemente Mercadante deseja manter, foi introduzido no Brasil por Roberto Campos, em 1967. Foi uma revolução, que de forma inédita no mundo criou um imposto sobre valor agregado.
Se na época fosse deputado, é provável que Mercadante exigisse "prévia experiência histórica" e o modelo jamais teria sido introduzido. Que primor de conservadorismo!
Roberto Campos reciclou seu pensamento tributário. Apóia o Imposto Único e deu uma lição de progressismo ao PT.
Aliás, se é para satisfazer a visão retrógrada de Mercadante, cabe apontar duas curiosidades. O imposto sobre transações tem vivência histórica no dízimo e no imposto "turnover" que existiu na Alemanha até meados da década de 60.
Satisfeito, deputado Mercadante? Podemos agora discutir o Imposto Único? Ou o deputado vai continuar com seus prolegômenos irrelevantes?

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