São Paulo, domingo, 4 de setembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Parreira estréia na Espanha 'sem referências'

CAYETANO ROS
DO "EL PAIS"

Parreira estréia na Espanha 'sem referência'
Técnico diz desconhecer o adversário de hoje, Atletico de Madrid, na estréia do Valencia no campeonato
Carlos Alberto Parreira, técnico da seleção brasileira campeã mundial, estréia hoje no Campeonato Espanhol à frente do Valencia contra o Atlético de Madrid.
Parreira admite que, da Espanha, só conhece o Barcelona. Mas ambiciona ser campeão espanhol com o mesmo sistema vencedor nos EUA e aponta Mazinho como "o coração do Valencia".
Pergunta –Por que suas esquipes têm vocação defensiva?
Carlos Alberto Parreira –Me preocupo pela organização da equipe, ms não jogo de maneira defensiva. Na Copa, não podíamos divertir o mundo e deixar espaços que poderiam ser aproveitados pelos nossos adversários.
Pergunta –Com o Brasil, você prcisou de três anos para formar um grupo homogêneo. Aqui será preciso mais tempo?
Parreira –O futebol é uma ciência e não sei quanto tempo levarei para isso. Temos que ter objetivo: alcançar a classificação para a Copa da Uefa.
Pergunta –Há bons jogadores no time?
Parreira –Sim. Há setores muito bem servidos. Em outros, é preciso melhorar. Fisicamente estão mal, mas estamos em pré-temporada. Tecnicamente, temos oito jogadores de nível internacional.
Pergunta –Melhor ou pior do que previa?
Parreira –Não tenho referência a respeito dos outros times espanhóis. Só conheço bem o Barcelona. Seu nível é muito alto, mas nem todos são como o Barça.
Pergunta –É duro mudar, de treinar os melhores do mundo, a outros de menor qualidade?
Parreira –Não é duro, é diferente. No Brasil, tinha à minha disposição todos os jogadores brasileiros. Em três anos, selecionei 80 jogadores. Aqui tenho 18. Tenho que me adaptar.
Pergunta –Comenta-se que será difícil colocar bem fisicamente os jogadores que trabalharam com Guus Hiddink. Você percebeu certa acomodação?
Parreira –Não. Temos colocado nosso ritmo de trabalho e encontramos um grupo muito receptivo aos treinamentos.
Pergunta –Você mudartá seu sistema 4-2-2-2 com marcação por zona se seus novos jogadores não se adaptarem a ele?
Parreira –Sim. claro. Não se pode fechar em um sistema. O 4-4-2 é muito flexível. Se houver necessidade mudaremos.
Pergunta –Fernando (meia espanhol, há 12 anos no clube) tem expressado descontentameto pelo seu posicionamento, colocado mais para a lateral?
Parreia –É muito cedo para decidir se Fernando pode se adaptar a esta posição de lateral.
Pergunta –Você tem trabalhado muito no setor defensivo. Com esta obsessão pode defender não se perde espontaneidade?
Parreira –Ao contrário. Quero uma equipe organizada sem a bola. Com a bola, há liberdade total para jogar, com muita flexibilidade. Não queremos que os jogadores se descaracterizem, mas que cada um se expresse com liberdade.
Pergunta –Porque se decidiu pela contratação de Mazinho?
Parreira –Porque o meio-campo é o setor mais necessitado de um grande jogador. Para o Valencia que queremos, necessitamos de um meia de grande capacidade.
Pergunta –Mas Mazinho se baseia no bom preparo físico...
Parreira –Não, é técnico também. Mazinho toca, organiza e passa bem a bola. Será o coração do Valencia.
Pergunta –Qual é a diferença do seu estilo e o de Maturana (ex-técnico da Colômbia, atualmente no Atlético de Madrid)?
Parreira –Olhe a Colômbia e o Brasil, há uma grande diferença. De igual apenas a técnica, a habilidade e a posse de bola. A meneira de jogar é diferente. Não falo do Atlético de Madrid porque não o vi jogar, mas sim a Colômbia.
Pergunta –No Brasil, os laterais subia ao ataque. Você mudará a mentalidade defensiva do ala Juan Carlos?
Parreira –Não podemos comparar Juan Carlos com Leonardo ou Jorginho. Mas, com a bola, tem total liberdade de atacar.
Pergunta –A cidade de Valencia e o clube lhe agradaram?
Parreira –Estive aqui antes para ver uma partida do Leonardo. Gosto da cidade. Teremos a infra-estrutura para fazer um bom trabalho.
Pergunta –Acostumado com a imprensa brasileira, a valenciana lhe será mais agradável...
Parreira –Na Copa do Mundo tinha 200 ou 300 jornalistas por dia. Sempre muito críticos. Aqui há 4, 10, 20 por dia.
Pergunta –O que você acha de Mijatovic e Salenko (os estrangeiros do time)?
Parreira –Mijatovic e muito bom tecnicamente. Salenko não é tão bom, mas marca gol.

Texto Anterior: Saiba quem é Telê Santana
Próximo Texto: Dupla brasileira continua no país
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.