São Paulo, quarta-feira, 7 de setembro de 1994
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O pequeno Buda

THALES DE MENEZES

Andre Agassi derrotou Michael Chang no US Open. Foi uma batalha de cinco sets, pelas oitavas-de-final do torneio. Foi a primeira vez este ano que a quadra Central de Flushing Meadows lotou. É justificado, pois trata-se do confronto caseiro mais atraente do tênis americano. Agassi e Chang são ídolos mais "calientes" do que os "icebergs" Pete Sampras e Jim Courier.
No fim, a maior parte da torcida gostou do triunfo de Agassi, principalmente sua namorada, Brooke Shields, a atriz. Ou será ex-atriz? Afinal, alguém lembra do último filme da moça?
Agassi continua o mesmo. Barbra Streisand em Wimbledon 93, Brooke Shields no US Open 94. Desse jeito, quem será sua namorada no ano que vem, Liza Minelli ou Sharon Stone?
Mas esta coluna não quer falar de Agassi. O assunto é Michael Chang. Ele continua sendo o tenista mais legal do circuito. Chang é "o bacana".
Para começar, a criançada o adora. Um de seus patrocinadores, a Reebok, já percebeu isso e capitaliza em cima. É comum Chang participar de clínicas e tardes de autógrafo dirigidas somente a crianças em várias partes do mundo. Em Roland Garros, este colunista pode atestar a paciência que esse norte-americano tem, cercado de três dezenas de pirralhos.
Além da empatia imediata com as crianças, é difícil ver um jogo em que ele não consiga trazer a torcida para seu lado.
Talvez o motivo seja a altura de Chang, 1,73 m. Muito mais baixo do que a maioria de seus adversários, tem as pernas grossas e o físico atarracado, que o deixa com mais jeito de "tampinha".
Chang deve despertar no público aquele desejo latente de torcer pelo mais fraco. Se não bastasse ser menor do que seus rivais habituais (Becker e Stich, por exemplo, são 20 cm mais altos), Chang adota uma postura defensiva, jogando sempre no fundo de quadra.
Essa tática, imposta pelas limitações de seu saque apenas razoável, faz Chang optar muitas vezes por aguardar o erro do adversário. Assim, passa o jogo todo correndo de um lado para outro da quadra, como uma máquina de rebater.
Para a maioria do público, no entanto, parece que é o adversário que está dominando o jogo e fazendo Chang correr desesperado. Quando o ponto sai para Chang, os torcedores adoram. É aquela mesma alegria que a gente sente quando o ratinho Jerry consegue levar a melhor sobre o gato Tom.
Budista, Chang fala pausadamente e não esboça nenhum convencimento. Está sempre sorrindo.
Favorito da garotada, o pequeno Chang é mesmo simpático. E joga muito. Os baixinhos estão certos.

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