São Paulo, quarta-feira, 7 de setembro de 1994 |
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Acordo sobre aborto pode ocorrer hoje
HÉLIO SCHWARTSMAN
Segundo delegados ao Comitê Principal, que decidirá a questão, a disposição geral da assembléia é aprovar uma redação alternativa para o ponto mais polêmico do documento que está sendo discutido no Cairo, a capital do Egito. O Irã classificou o novo texto como perfeito, enquanto a delegação da Suécia disse que já se cedeu em tudo o que era possível. O Vaticano ainda não deu sua resposta. Com relação à versão original do texto, devem ser reforçadas, por iniciativa da União Européia, as idéias de que o aborto não é, em hipótese nenhuma, método de planejamento familiar e de que os países poderão interpretar à luz de suas próprias leis e costumes as recomendações da conferência. Com isso, aqueles países que dispõem hoje de uma legislação que condena o aborto poderão continuar a fazê-lo. O Vaticano divulgou ontem uma nota à imprensa em que diz que, apesar de o documento conter muitos pontos positivos, "a Santa Sé não pode dar apoio implícito ou explícito às partes do documento concernentes ao aborto". O texto de Roma, porém, afirma que a delegação da Sé não pretende atrasar as negociações em torno do uso de métodos contraceptivos artificiais, que também são rejeitados pelo Vaticano. Roma contudo reserva-se o direito de interpretar o termo"planejamento familiar" de acordo com o que chama de ética católica. Caso a questão do aborto realmente se resolva e com a tendência da Igreja Católica de não colocar obstáculos às partes do documento que tratam dos meios de prevenção artificial da gravidez, dois dos maiores entraves do sucesso da conferência terão sido removidos. O jornalista HÉLIO SCHWARTSMAN viaja a convite do Fundo de População da ONU. Texto Anterior: EUA têm economia mais competitiva Próximo Texto: Brasil elogia idéia da reunião Índice |
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