São Paulo, quinta-feira, 8 de setembro de 1994
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Gays rejeitam estereótipo do 'afeminado'

DA REPORTAGEM LOCAL

Um anunciante diz que tem preferência por homens "fortes e carecas". Outro escreve que procura "homem obeso para relacionamento sério".
Na democrática subseção "homem procura homem" do Classiline não se vê discriminação, mas um tipo de preferência aparece com maior frequência do que outras: a dos anunciantes que rejeitam o chamado tipo "afeminado".
"Rapaz 27 anos, 1,75 m, 68 kg, procura rapaz jovem, alto e não afeminado para relacionamento", escreve um. Ou "Rapaz, 23 anos, bom nível, procura de 22 a 28 anos, sem vícios, não afeminado, que goste de artes e dançar", escreve outro.
"Esses anúncios mostram que o homem tem atração pelo modelo que as mulheres também consideram ideal de homem: o homem viril", diz o psicanalista Jurandir Freire Costa.
Segundo o psicanalista, a valorização desse modelo acabou sendo reforçada pelos movimentos de defesa dos direitos dos homossexuais –como uma forma "de afirmar aos heterossexuais que eles são tão homens quanto eles e gostam de homens", diz Costa.
O antropólogo Luiz Mott, presidente do Grupo Gay da Bahia, diz que a rejeição ao tipo efeminado aparece com muita frequência em anúncios pessoais publicados na Europa e nos EUA.
"Há uma valorização, dentro da comunidade homossexual, do modelo de homem viril", diz.
Mott acha que os homossexuais afeminados fazem sucesso entre "heterossexuais que gostam de homossexuais e os identificam pelos seus trejeitos".
O antropólogo acredita ainda que o maneirismo do afeminado, assim como o fenômeno do travestismo, "aparece mais em países subdesenvolvidos e machistas, onde há mais antagonismos entre homem e mulher".

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