São Paulo, quinta-feira, 8 de setembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Redução de alíquotas penaliza, diz Fiesp

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria paulista considera a proposta do governo de um "choque de oferta" –redução ou eliminação das alíquotas do Imposto de Importação (II) de vários bens de consumo– uma "penalização desnecessária" ao setor produtivo brasileiro.
Essa é a mensagem de Carlos Eduardo Moreira Ferreira, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), ao novo ministro da Fazenda, Ciro Gomes.
Outras entidades, como a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) e Sinditêxtil e Abit, que reúnem tecelagens de São Paulo e de todo o país, respectivamente, também são contra a proposta de redução dessas alíquotas.
A Fiesp mostra a preocupação do industrial com a redução para 2% ou até mesmo a eliminação das alíquotas de importação, especialmente os bens de consumo duráveis.
"Não aceitamos essa abertura indiscriminada como ameaça de retaliação", afirma Moreira Ferreira.
Ele diz que a entidade não é contra a abertura econômica mas acha que ela deve ser precedida pelas reformas tributária, fiscal, da Previdência, retomada do programa de privatizações e redução dos juros.
Essas reformas, acredita, dariam à indústria condições de competir com as importações. "Não podemos sacrificar o país, transferindo empregos para o exterior", afirma o presidente da Fiesp.
Empregos agravados
Moreira Ferreira alerta que a redução indiscriminada das alíquotas de importação de bens de consumo duráveis vai causar queda no número de empregos.
Isso agravaria o quadro já negativo do emprego na indústria paulista. De janeiro até a quarta semana de agosto foram fechados 58.154 postos de trabalho na indústria de transformação de São Paulo.
Feres Abujamra, diretor interino do departamento de Economia da Fiesp, diz que a reforma tributária é imprescindível para que a indústria possa competir com as importações.
"A indústria precisa contar com financiamentos de longo prazo com juros em níveis internacionais para voltar a investir na capacidade de produção e geração de empregos."

Texto Anterior: Bolsa japonesa despenca
Próximo Texto: Isenção não elimina o ágio
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.