São Paulo, quinta-feira, 8 de setembro de 1994
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Explore a Tanzânia como Livingstone

JAVIER PÉREZ DE ALBÉNIZ
DO "EL PAIS"

A perseguição durou pouco. Seis leões rodearam um grupo de zebras cegadas pelo pavor. Um macho de grande juba escura escolhe sua vítima. Crava suas unhas no lombo do animal.
Foi assim que o explorador escocês David Livingstone descobriu a lei da África. Da mesma maneira que a pode sentir qualquer pessoa que hoje visite as terras que cercam o sul do vale de Rift.
Poucas coisas mudaram na vida desta parte do continente desde o século 18, quando o missionário iniciou sua peregrinação. Livingstone presenteou ao mundo dos descobrimentos os 15 anos mais intensos de sua vida.
A família de leões devora a zebra morta. Na áspera paisagem das terras baixas da falha de Rift, recobertas de espinheiros e acácias anãs, os outros animais deixam a natureza seguir seu curso.
A vida não parece ter grande importância na África Oriental, que grita suas misérias.
Na Tanzânia, cenário de boa parte das viagens de Livingstone, a natureza é selvagem. Paraíso dos fotógrafos e dos naturalistas.
O país dos safáris, dos "masai" e dos animais em liberdade. A terra dos lugares mágicos, dos nomes que significam aventura: Serengeti, Ngorongoro, Kilimanjaro, Zanzibar, lagos Vitória e Tanganica.
Os parques nacionais e as reservas ocupam quase 25% do território tanzaniano.
É um dos últimos paraísos da fauna africana e lar de quase 26 milhões de pessoas divididas em mais de cem grupos tribais. É o coração da África negra.
A viagem seguindo os passos do explorador deve começar na ilha das Espécias, um paraíso minúsculo situado no Oceano Índico, diante da costa norte da Tanzânia.
Livingstone, assim como a maioria dos exploradores, instalava na ilha seu quartel-general e preparava seus equipamentos antes de se lançar ao desconhecido.
Zanzibar, na Tanzânia, cheira a cravo e canela. Mas as especiarias conheceram épocas melhores. Hoje a Indonésia domina o mercado.
O comércio está tão afundado quanto as estreitas vielas da cidade de pedra. A casa que Livingstone usou como quartel-general, uma construção de três andares, é hoje um edifício esquecido que abriga um escritório de turismo.
Zanzibar já não é mais a cidade mais importante da costa leste da África. Mas continua sendo uma mistura de raças e culturas, com muçulmanos, cristãos e hindus.
Mas o viajante quase reduz os parques nacionais a jardins quando se depara com uma cratera vulcânica de 20 km de diâmetro e paredes de 600 metros de altura. Um colosso chamado Ngorongoro.
A cratera converteu-se num imenso estábulo. Gnus, zebras, gazelas, rinocerontes e elefantes apreciam as pastagens e a presença da água.
Tradução de Clara Allain

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