São Paulo, sábado, 10 de setembro de 1994
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FHC ataca imprensa e diz que uso ilegal de verba pública é "fofoca"

EMANUEL NERI

EMANUEL NERI; FERNANDO DE BARROS E SILVA; FERNANDA DA ESCÓSSIA
ENVIADO ESPECIAL A RIBEIRÃO PRETO

FERNANDO DE BARROS E SILVA
O candidato tucano Fernando Henrique Cardoso voltou ontem a atacar a imprensa.
Em Ribeirão Preto (319 km ao norte de São Paulo), FHC atribuiu a "fofocas" a revelação da Folha de que o governo do Ceará gastou dinheiro público na convenção que homologou sua candidatura.
"Não vou responder essas coisas mais, não. Chega", afirmou. "Pergunte ao Ciro Gomes. Eu não tenho nada a ver com isso".
O tucano ficou mais contrariado ainda quando a Folha lembrou que o gasto –US$ 6.700– foi feito por um governador do seu partido: "Levante o nível da Folha".
Na última terça-feira, ao ser abordado sobre o uso da máquina do governo federal em sua campanha, FHC afirmou que a imprensa "deseduca" o eleitorado.
Ontem, em Ribeirão, FHC fez uma carreata pelas ruas principais da cidade, em cima de uma caminhonete, ao lado do deputado José Serra, candidato do PSDB paulista ao Senado, e do prefeito Waldir Trigo (PSDB), de Sertãozinho.
Ribeirão é administrada pelo PT. Foi fraca a recepção ao candidato. Houve queima de fogos em várias ruas, além de distribuição de bandeiras.
FHC não deu maior importância ao provável benefício à sua candidatura decorrente do acordo anunciado por empresários para controlar preços até dezembro.
"Você não acha que é boa a baixa dos preços?", indagou: "Se a baixa de preços é boa para a minha candidatura e boa para o Brasil, o que é que eu vou fazer?".
Em Campinas (100 km a noroeste de SP), onde participou de outra carreata, FHC disse que o uso eleitoral da máquina do governo é parte da "cultura brasileira".
"É preciso ir modificando isso progressivamente. Eu sou contra, mas lá sei o que um fez ou o outro faz. Isso é da cultura brasileira."
"Estão procurando agulha no palheiro porque não têm como criticar o plano. Querem ganhar no tapetão", disse.
Ontem à noite, FHC fez um comício em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, no Rio. Segundo a PM, havia cerca de 2.500 pessoas. O comício foi organizado pelo senador Hideckel Freitas, do PPR.
Porta-voz
O correspondente da TV Globo em Nova York, Paulo Henrique Amorim, disse ontem à Folha que recusou o convite para ser porta-voz de FHC, se eleito.
Em entrevista por telefone, de Nova York, Amorim confirmou que foi convidado há aproximadamente dois meses, na época da crise que resultou na saída do então candidato a vice de FHC, Guilherme Palmeira.
Ele disse que recusou o cargo porque está "muito bem" como correspondente da TV Globo.
Colaborou FERNANDA DA ESCÓSSIA, da Sucursal do Rio

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