São Paulo, sábado, 10 de setembro de 1994
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"FHC é de direita e Lula não assusta"

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

'FHC é de direita e Lula não assusta'
O empresário Mario Amato, 75, presidente em exercício da CNI (Confederação Nacional da Indústria) diz que o tucano Fernando Henrique Cardoso é "um Lula ampliado, melhorado e retificado, porque agora é de direita".
Amato fala que o "acordo de cooperação espontânea" dos empresários para a manutenção da estabilidade dos preços não é eleitoreiro nem fisiológico.
Leia os principais trechos da entrevista concedida à Folha:

Folha - O que o empresariado espera de Ciro Gomes?
Mario Amato - Que ele evite mudanças maiores.
Folha - As reduções ou mesmo a eliminação total das alíquotas de importação está nesse caso?
Amato - A abertura de mercado deve ser estudada caso a caso. O que tem que acabar é o uso das importações como ameaça aos empresários. É preciso punir quem cobra ágio ou aumenta preços injustificadamente.
Folha - O acordo entre empresários para a manutenção da estabilidade dos preços é uma resposta a intenção do governo de usar as importações como medida antinflacionária?
Amato - Não. Trata-se de um acordo de cooperação espontânea.
Folha - Como vai funcionar?
Amato - É uma idéia brilhante, que estão querendo transformar numa idéia fisiológica ou eleitoreira. Tem origem na verificação pelos empresários da vantagem de termos uma moeda forte, um dinheiro que tem valor.
Folha - Há quem diga que é um toma lá dá cá.
Amato - Nós não queremos nada em troca. Tem empresário bom e empresário ruim, médico bom e médico ruim, jornalista bom e jornalista ruim.
Folha - Como o sr. vê o Plano Real no próximo governo?
Amato - O cenário ideal para o Plano Real seria a vitória inequívoca de um dos candidatos já no 1º turno das eleições.
Folha - Quem vence?
Amato - Os dois principais candidatos são bons. São idealistas. Não vou votar no Lula, mas tenho que reconhecer que ele é um idealista.
Folha - E FHC?
Amato - É muito mais idealista. Não quero criar um problema para mim falando isso, mas o Fernando Henrique é um Lula ampliado, melhorado e retificado.
Folha - Por quê?
Amato - Hoje ele é um homem de direita basicamente. Ele tem credibilidade.
Folha - E o Lula?
Amato - Ele também tem credibilidade. Ele melhorou. O Lula hoje não assusta.

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