São Paulo, sábado, 10 de setembro de 1994
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Entram os metalúrgicos

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Tardou um pouco, mas parece que vem aí o tão falado setembro negro. Segundo a rádio CBN, "os trabalhadores prometem entrar em greve, a partir de segunda".
Os trabalhadores, no caso, são os metalúrgicos. Os sindicalistas tiveram reunião com empresários e tudo "terminou em impasse", quanto ao repasse do repasse.
Não seriam só os metalúrgicos do ABC, base de Lula, a entrar em greve segunda. Com eles, também os de São Paulo, de Osasco, São José dos Campos, Taubaté etc.
Ainda o real
Lula voltou a aparentar –mais ou menos– que defende o real. Sem comprometer-se, sempre com locutor. "Estão dizendo que Lula vai acabar com o real... Estão mentindo!" O petista não tocou diretamente no real. Tergiversou.
Com certeza, não foi o bastante. Fernando Henrique, em seguida, na escala dos programas eleitorais, já entrou lembrando, sem citar o nome, que "fizeram tudo para que o real não fosse aprovado". Como se diz, parece sinuca de bico.
As pesquisas
Estão sendo comentadas como nunca "as pesquisas". Foi o caso da entrevista, ontem no TJ Brasil, de Leonel Brizola, que voltou a atacar os resultados, em bloco.
Mas por toda parte o que tratam de analisar mais, neste momento, são os detalhes, para saber afinal se a eleição está mesmo definida, que é o que corre. É o que irradia, disse o TJ, a assessoria tucana.
(Mas não o próprio candidato, que diz, quando muito, que "as pesquisas estão apontando uma opção da população tranquila".)
A preocupação está tão presente que foi a primeira manchete do Jornal Bandeirantes: "Fernando Henrique mantém vantagem nas pesquisas, mas o escândalo faz crescer número de indecisos."
Foram ouvidos especialistas em pesquisas, que deram uma opinião para acalmar exaltados, de um e outro lado: nada é muito claro, é preciso esperar mais pesquisa.
O assunto não é outro, de todo modo, também no rádio. Que ao menos acrescentou, às minúcias comentadas na televisão, um dado esquecido. O escândalo Rubens Ricupero fez crescer ainda mais o fenômeno Enéas. O maior deles.
Esqueça
Ainda ecoa a inflação do IPC-r. No Jornal Nacional, depois de misturar os índices todos, alguém aconselhou, "esqueça os institutos de pesquisa". Não só o IPC-r, mas os outros. Vale só o bolso.
Entrou então o exemplo. Uma senhora diz, "o índice que vale aqui é o índice da d. Aparecida". Índice que registrou, nem mais, nem menos, a deflação de 14%. Que passou por notícia, real.

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