São Paulo, sábado, 10 de setembro de 1994
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Acusado por sequestro nega ter recebido resgate

DA REPORTAGEM LOCAL

Um jegue é o único bem do borracheiro Antônio Viera da Silva, 27, o "Toninho". Preso e acusado de participar do sequestro do empresário Gilverto Bernardini, 61, Toninho diz que não recebeu um centavo do US$ 1,8 milhão pago como resgate.
Bernardini foi sequestrado em 90. Ele é cunhado do empresário José Cutrale Junior, um dos maiores produtores de suco de laranja do mundo.
Após quatro anos, a Delegacia Anti-Sequestro prendeu dois acusados do crime: Toninho e a comerciante Alda Pagliatto Pires, 45, acusada de liderar a quadrilha. Leia, a seguir, trechos da entrevista de Toninho.
Folha – Você participou do sequestro do empresário?
Antônio Vieira da Silva – Participei. Eu nem sabia o que estava fazendo. A dona Alda, que era minha patroa, disse que era para eu cuidar da casa onde estava a vítima. Falou que ia me pagar pelo serviço e me forçou a participar do sequestro.
Folha – O que você ganhou com o sequestro?
Silva – Nada. Quando soltaram o homem, a dona Alda pagou minha passagem de ônibus para a Paraíba e disse para eu esperar lá que ela ia mandar minha parte.
O dinheiro nunca veio. Só tenho um jegue. Enquanto eu ando nele, a dona Alda anda de carro importado, comprou apartamento, fazenda e posto de gasolina.
Folha – Se você não sabia ao certo o que estava fazendo, por que nunca denunciou sua ex-patroa e os outros acusados?
Silva – Minha mãe telefonou da Paraíba para a dona Alda perguntando quando ela ia pagar minha parte. Isso deixou minha ex-patroa furiosa.
Ela ameaçou matar toda minha família se eu abrisse a boca. Ela ficou rica de uma hora para outra e eu continuei andando de jegue.

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